terça-feira, 20 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
O resultado superou as expectativas
"Dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Pouco minutos passavam das 00:00, quando os romeiros entraram no seu santuário e ali permaneceram durante 1 hora rezado o terço (ora cantado ora apenas rezado), intervalado por cânticos profundos.
Esta 1ª hora, confesso que, para além de ser importante é também de uma grande responsabilidade para o movimento que a faça, já que, como atrás disse, é a 1ª hora. Não é a mais importante ou a menos importante, é apenas mais uma hora, mas para mim tem a importância de ser a 1ª, o inicio do seu dia.
Presumo que a ideia deste ano, terá partido do irmão-mestre e, o resultado superou as minhas expectativas, já que naquele silêncio e, apenas com a luz das velas, a centelha do sacrário e as luzes apontadas para Nossa Senhora da Conceição, criaram um ambiente propicio a uma melhor recitação do terço, como um regresso ao inicio dos primeiros cristãos que, nas catacumbas romanas, celebravam a eucaristia dessa forma. Na escuridão, apenas a Luz de Deus."
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Boas Festas da ilha do Arcanjo
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
Mãos vazias
Todos conhecemos as mãos da mãe que sustêm e acariciam o recém-nascido; conhecemos as mãos que curam as feridas e cuidam dos doentes; as mãos do lavrador que semeia no sulco da terra; as mãos do pedreiro que levantam a casa, pedra a pedra; as mãos que escrevem sobre o papel as intuições que palpitam no seu interior.
As mãos que abençoam e perdoam; as mãos estendidas do mendigo à espera de um pedaço de pão; as mãos que, com lágrimas, fazem um sinal de adeus. Um aperto de mão que é sinal de encontro ou de gratidão.
A casa que habito, os móveis que me rodeiam, as vestes que me cobrem, os livros que leio, a estrada por onde caminho, o alimento que tomo, a campa que me acolherá… tudo é obra de umas mãos. Elas são como que um imenso sacramento de serviço e amor. Por elas chegaram à minha vida torrentes de riquezas e bens.
Só ao olhá-las deveria encher-me de emoção e incentivar-me para que, também eu, por estas minhas mãos possa encher o mundo de gestos de misericórdia, de sinais de perdão e acolhimento, com largos abraços de fraternidade. "
segunda-feira, 16 de maio de 2011
O romeiro e as romarias
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Reunião
terça-feira, 26 de abril de 2011
“As romarias são um caminhar na Via Crucis”
Esta curta, clara e concisa citação, caiu como se fosse uma pequena pedra que é lançada à água, formando ondas circulares cada vez maiores ao seu redor, no seio do grupo onde foi proferida.
Confesso que, apesar de tudo o que já foi dito e escrito (pequeníssimas migalhas para explicar uma vivência real), nunca me tinha ocorrido este ponto (entre muitos outros) de vista.
Ruminando (poeticamente falando) esta citação, aos poucos fui sentindo e vislumbrado, que em romaria, na verdade vivemos e sentimos a Via Sacra de Jesus Cristo. Não da maneira que Ele viveu e sentiu mas, à maneira de romeiro, se é que existe uma “maneira de romeiros”, senão vejamos:
1ª Estação (Jesus é condenado à morte) – Quantas vezes, entre terços, meditações e caminhando sempre atrás da cruz, “somos condenados” por irmãos em Cristo, que se cruzam connosco, e muitos destes (quais Pilatos), lavam as mãos à nossa passagem, perante essas “condenações” consentidas com o seu silêncio.
2ª Estação (Jesus carrega com a Cruz) – Como Ele, nestes dias carregamos a nossa e as daqueles que, cruzando connosco, nos pedem auxílio para as suas dores, muitas vezes atrozes. Não é uma cruz de madeira a que carregamos, no entanto, quantas vezes não Lhe pedimos que antes fosse, sem pensarmos na profundidade subjacente à verdadeira Cruz.
3ª Estação (Jesus cai pela primeira vez) – Tantas vezes que nos vem ao pensamento as inúmeras quedas que damos na vida. Jesus caiu porque tomou sobre si todas as nossas doenças, todas as nossas dores e todos os nossos crimes. Nós, pecadores assumidos, também caímos, não uma vez nem a primeira vez, mas sim diariamente com as faltas que cometemos contra Deus.
4ª Estação (Jesus encontra a sua mãe) – Em romaria, inúmeras são as vezes em que nos encontramos com a mãe de Deus e nossa mãe. Nos desabafos em silêncio com ela tidos, vai guardando-os no seu coração, mesmo que eles trespassem a sua alma.
5ª Estação (Simão de Cirene ajuda Jesus a carregar a cruz) – Quando um irmão tem uma bolha, uma ferida, dores ou sofrimento, logo outro acode e auxilia-o, qual Simão, mas aqui, sem ser forçado, sem constrangimento e sem imposição.
6ª Estação (Verónica limpa o rosto de Jesus) – Em cada acto de caridade que façamos, o Salvador imprime a sua imagem nos nossos corações como o fez no lenço de Verónica.
7ª Estação (Jesus cai pela segunda vez) – Jesus cai pela segunda vez sob a Cruz. Cai exausto pelo esforço feito. Cai por vontade do Pai e cai por sua vontade própria, porque "como se cumpririam então as Escrituras?". Também nós caímos exaustos no fim de cada dia da romaria. Caímos por vontade do Pai, para que no fim da romaria, qual Saulo, caíamos definitivamente do cavalo e nos tornemos em Paulo.
8ª Estação (As mulheres de Jerusalém choram por Jesus) – Como é gratificante podermos derramar algumas lágrimas, não por Ele, mas através d`Ele chorarmos como sinal de arrependimento, do verdadeiro arrependimento.
9ª Estação (Jesus cai pela terceira vez) – Pedro também o negou por três vezes, e quanto a nós, não bastam estes dias para Lhe pedir perdão das nossas quedas, fraquezas e negações, mas são o bastante para nos apercebermos qual o nosso papel na sociedade.
10ª Estação (Jesus é despojado de suas vestes) – Como cristãos devemos também nós despojarmos, não das vestes, do amor, da paz ou do essencial. Devemos, isso sim, despojarmos do ódio, da guerra e principalmente do supérfluo. Em romaria levamos apenas o essencial e basta-nos!
11ª Estação (Jesus é pregado na cruz) – Com Ele foram também cruxificados dois ladrões. Um insultava-o dizendo-lhe “Não és Tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também.” Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas acções mereciam, mas Ele nada praticou de condenável.” E acrescentou: «Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino.” Dois homens como tantos outros, dois homens como todos nós. Durante a caminhada, tantas são as vezes que nos lembramos desta passagem peculiar e em qual dos dois nos enquadramos mais. Que bom seria se fossemos quase sempre o segundo.
12ª Estação (Jesus morre na cruz) – “Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?”, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? (…). “. Quantas vezes nas nossas vidas não dizemos o mesmo? Talvez digamos em demasia, talvez em situações em que Ele afinal nos leva ao colo e talvez faça silêncio propositadamente. Quão belo é o silêncio que experimentamos e experienciamos, nesta caminhada diferente de todas as outras caminhadas conhecidas, na qual Deus nos fala. Não através da brisa que passa ou do vento que se levanta, como “naquele tempo”, mas sim através do barulho ensurdecedor dos pingos grossos de chuva forte que teima em cair indo até ao tutano dos nossos ossos ou das rajadas de vento que passam e quase nos encostam à parede de tão surdos que somos nos dias de hoje, para O ouvirmos.
13ª Estação (O corpo de Jesus é retirado da cruz) – “Já depois de ter expirado fortemente, o centurião que estava à frente dele ao vê-Lo expirar daquela maneira disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!” Era tarde para se voltar atrás, no entanto tinha que ser assim, para se cumprir o que estava escrito. Uma romaria também tem que ser “assim”. Penitência, oração e meditação. Olharmos para dentro de nós mesmos, para os nossos podres, para os nossos pecados mais recônditos e pedir-Lhe perdão até à exaustão dos nossos músculos.
14ª Estação (O corpo de Jesus é colocado no sepulcro) – Tal como o Seu corpo é colocado no sepulcro, também o nosso, no fim de mais uma caminhada, estrompado, por vezes marcado e com algumas mazelas, ao chegar ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição, repousa, por momentos, no regaço da Sua e nossa mãe Maria Santíssima. Por breves instantes quase que vislumbramos o seu olhar terno, doce e meigo, misturado com um ligeiro sorriso de agradecimento, por mais um ano que O levamos ao mundo que cada vez mais O nega e O tenta esconder do homem como criatura de Deus.
Depois deste “longo” caminhar pelas 14 estações, dou-me conta que as romarias ainda conseguem ir um pouco mais longe. As romarias têm o “dom” de passarem toda a Via Crucis e vivenciarem ainda a 1ª estação da Via Lucis (caminho da luz), a Ressurreição de Cristo, quando um irmão que caminha uma romaria em negação chega ao fim, e entre choros e soluços nos diz:
- Até para o ano irmão!1
Post-scriptum – Na missa vespertina do passado sábado a que assisti, o padre que ali estava a celebrar o Santo Sacrifício da Missa, e no decurso do seu excelente e agradável sermão referiu que, numa determinada igreja (não sei precisar qual) da nossa cidade existia um crucifixo, por detrás do qual tinha um grande e glorioso resplendor, como que nos mostrando que Cristo depois da morte, obteria a redentora e gloriosa vida eterna, tal como todos nós que professamos a nossa fé. Na altura lembrei-me de uma outra igreja, a de São Carlos, na qual, quando as luzes estão ligadas, podemos ver Cristo Ressuscitado, criando por detrás a sombra da cruz onde esteve pregado até à morte. Se na primeira igreja acima citada vemos a esperança da vida eterna, na segunda, vemos a esperança tornada realidade, no entanto, continua presente o mistério da Cruz. !"
quarta-feira, 20 de abril de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Romeiros - Expiar os pecados
"No lado norte da ilha, o céu pesado pa¬rece cair-nos aos pés. Carregado de uma chuva teimosa e de nevoeiro, o ar da manhã mistura-se ainda com os cânticos compassados e roucos dos romeiros, cuja jornada dura já há um dia. Faltam ainda quatro, porque a vida de romeiro é mesmo assim: faça sol ou faça chuva é preciso caminhar e rezar, de olhos postos no xaile da frente. Encontramo-los na freguesia dos Biscoi¬tos. Ali, à porta da igreja, homens diferentes, de todas as idades e de todas as escolas, unem-se na fé. Dizem-se “irmãos” e é assim que se sentem, como uma família. Agora é hora de rezar e meditar. “Dai-nos licença, Senhora, Rainha Imaculada, para que entremos agora em vossa santa morada”, repetem a cada vez que se preparam para passar a porta de uma das igrejas da ilha. De todas as igrejas e ermidas da ilha, as que lhes recordam que a procura pelo eterno é longa e constante. Os bordões que trazem consigo durante toda a viagem ficam do lado de fora, menos no primeiro dia da caminhada. O regulamento do romeiro, com 52 artigos, é para ser cumprido. Há já cinco anos que é assim. O rancho de Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição juntou-se para fazer renascer uma tradição que há mais de um século estava adormecida na Terceira. Diz-se que a romaria açoriana terá nascido em São Miguel, pela mão dos sacerdotes de Vila Franca do Campo que terão instigado o povo à peregrinação por capelas, igrejas e ermidas, numa altura em que “a primeira capital micaelense” foi abalada por sismos e erupções, em 1522 e 1563. Ainda assim, Gaspar Frutuoso, historiador açoriano do sécu¬lo XVI, dá conta nas suas memórias da existência de romarias na Terceira. Também aqui se juntavam os homens para pedir clemência divina que os livrasse das catástrofes que não podiam controlar, e prova disso são as casas de romeiros que ainda existem na ilha e que vão resistindo à passagem do tempo e dos costumes. Hoje, os pedidos são outros, a procura é outra, mas a verdade é que a missão de um cristão, aqui ou do outro lado do mundo, é seguir o seu criador. De outra maneira não faria sentido. João Nogueira tem quase 63 anos e diz-nos que enquanto puder é isso que vai fazer. “Uma vez romeiro, romeiro para sempre”, assinala, juntamente com Adalberto Couto, de 58 anos. Os dois irmãos romeiros, cansados mas não vencidos, consentem em trocar connosco algumas palavras. Nas mãos carregam o bordão que simboliza o cetro de Jesus. Aos ombros trazem consigo o xaile, a lembrar o seu manto. Ao pescoço está o lenço que recorda a coroa de espinhos usada por Cristo e os terços, que representam Nossa Senhora, mãe dos romeiros, a quem rezam ao longo de toda a caminhada. O rancho que agora acompanhamos é feito de homens crentes que têm fé no poder da experiência que iniciaram to¬dos juntos. “Há qualquer coisa que nos toca o interior”, tenta explicar-nos João Nogueira. Talvez sejam as palavras sá¬bias e verdadeiras do padre Dinis, irmão contra-mestre, que, segundo nos contam, tem o dom de vergar o homem com o coração mais duro. Na romaria, as palavras têm a duração de uma vida. É que a cada caminhada o romeiro dispõe-se a reencontrar-se e reconciliar-se, consigo e com Deus. O diálogo, sobretudo interior e místico, prepara-o para enfrentar o resto do ano. A romaria é, na verdade, o início de tudo. “O que fomos nestes cinco dias mantém-se ao longo dos meses que seguem”, sustenta João Nogueira assinalando que “a viagem interior serve para pensarmos nas nossas vidas, no que poderíamos ter mudado e não mudámos, no que poderíamos ter feito e não fizemos e se estamos ou não preparados pa¬ra fazer melhor depois desta caminhada”. O objetivo é esse, explica-nos, mas isso não quer dizer que o romeiro, o homem que se assume pecador, não erre. Errar é humano. Adalberto Couto é, no rancho de Ro¬meiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, o procurador das almas. É ele quem fecha o cortejo e quem se dirige às pessoas que querem dar as suas orações. Quem pede a oração tem de rezá-la tantas vezes quanto o número de romeiros que há no rancho e mais três pela Sagrada Família. Assim completa-se o ciclo. Cada um tem, pois, o seu papel nesta fa¬mília. O romeiro mais novo, o menino da cruz, abre o rancho. Do lado seguem os guias. O contra-mestre vai ao meio, seguido do lembrador das almas, que a cada cemitério lança a salva por quem lá está. A romaria é uma estrutura orga¬nizada que antes de partir em caminha¬da se junta para fazer a preparação espiritual e material que a jornada requer. Em longas horas de reunião, afinam-se as vozes, conversa-se sobre a experiência, ultimam-se pormenores. Todos têm que saber como se comportar. Há que lembrar, por exemplo, que antes de entrar numa casa é preciso lançar a salva, que o romeiro é o último a servir-se nu¬ma refeição e o último a deitar-se, e que na casa onde se pernoita reza-se o terço, que fica depois ao pescoço de quem ofereceu dormida. Há que saber que o romeiro tem de estar a pé às 4 da manhã, e tem de estar recolhido às 19 horas. É uma rotina diferente e todos têm saudades desses dias quando chegam ao fim. Todos têm vontade de regressar. “Passamos o ano à espera da romaria. Os meses custam mais a passar do que estes cinco dias”, adianta Adalberto Couto. Todos sentem o sacrifício, é claro. “Que não se pense que se vem para aqui fazer turismo. O irmão que vier com essa expectativa vê que estava enganado logo ao segundo dia”, diz-nos João Nogueira, vezes sem conta. É que a romaria são duas viagens: a física e a espiritual. Sinais dos tempos “Ser romeiro é aceitar e assumir perante todos que sou cristão, é dar a cara sem vergonha”, afirma João Nogueira. Di-lo de peito aberto. Ao contrário do que nos pudesse parecer, nem todos compreendem o porquê da caminhada e das vestes que trazem consigo. Ao longo da jornada, há quem lhes aponte o dedo e quem os ridicularize. Talvez seja o resultado de uma sociedade cada vez mais materialista e de gente cada vez mais desli¬gada da fé, acreditam os dois irmãos romeiros. Mas também há quem os acolha de braços abertos. Oferecem-lhe as casas e mesas fartas onde se podem sentar e des¬cansar um pouco. “Lembro-me de um dia, no primeiro ano em que saí na romaria, que comi 14 vezes. Há pessoas que querem dar muito”, adianta João Nogueira. Urge agora, defendem, chamar os mais novos à fé cristã e isso só se fará quando velhos e jovens comungarem da mesma linguagem. “A juventude de hoje não é a juventude do nosso tempo”, sustenta João Nogueira, que diz que a solução poderá estar na palavra se um padre mais novo que lhes saiba chegar ao coração. Adalberto Couto, que durante 27 anos acompanhou o Agrupamento 23 da Praia da Vitória, diz que falta trazer os jovens à rua, arrancá-los a uma vida de computadores e relações virtuais. Ainda assim, o rancho de Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição apostou na construção de um blogue onde dá conta das suas atividade e onde divulga textos e informação sobre as romarias. Quem sabe se não será uma forma mais rápida e eficaz de espalhar a palavra. Nem todos os jovens se escondem atrás de um ecrã, é um facto. O número de romeiros tem aumentado e continua a registar-se a participação de caminhantes novos que contam com o apoio da família. É o caso de Floriberto Borges, de 13 anos, e de Gonçalo Nunes, de 14. Gostaram das histórias que ouviram contar sobre a romaria. Estão a aprender a partilhar com os mais velhos e apreciam sobretudo o convívio que a jornada proporciona. Ainda assim, do alto da sua sabedoria e com algumas dores nos pés, Floriberto explica-nos que a romaria “é caminhar por Nosso Senhor e sentir a dor que Ele sentiu”. Gonçalo, jovem de palavras prudentes, sustenta que se trata de “uma experiência que tem de ser vivida para que se compreenda a sua magnitude”. Não é só nos dias da jornada de fé que estes pequenos romeiros são católicos. Vão à missa e à catequese e não se queixam. Não são como muitos que João Nogueira vê dentro das igrejas, jovens irrequietos e barulhentos. Às vezes é di¬fícil sossegar-lhes os espíritos. “Não sei quem está mais certo”, frisa lembrado que “Deus veio ao mundo pelos pecadores e não pelos justos; não sei se eu que só por ser católico e por ir à igreja dizer ‘senhor’ estou mais certo do que aqueles que estão lá a fazer barulho... Talvez Deus esteja a velar mais por eles”. O certo é que quem se quiser juntar aos romeiros da Terceira é bem vindo. Desde que sejam homens, é claro. Nada contra as romarias femininas, até será uma boa forma de chamar mais gente à fé cristã, mas o estatuto do romeiro não permi¬te misturas. Em São Miguel já existe um grupo de romeiras que se juntam sozinhas na sua jornada. “Não digo que não possam existir, mas têm de ser diferenciadas. É uma forma de haver mais aber-tura”, considera Adalberto Couto. Dizer mais, escrever mais sobre as romarias e sobre o que nelas se sente, é impossível. “Só compreende esta experiência quem a vive”, assinalam os romeiros, dos mais pequenos aos mais velhos, vezes sem conta. E a emoção que trazem na voz faz-nos acreditar que é assim. "
Artigo publicado na revista do Jornal "Diário Insular" datado de ontem.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Caminhada de fé cristã
terça-feira, 5 de abril de 2011
1ª vez que o Bispo de Angra e Açores integrou o Rancho de Romeiros


terça-feira, 29 de março de 2011
O que faz caminhar o Romeiro?
O mundo interior do romeiro
segunda-feira, 28 de março de 2011
domingo, 27 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Romaria para crianças teve lugar em angra
quinta-feira, 3 de março de 2011
O compromisso com Cristo dos Romeiros perante a sociedade
Estas opiniões pessoais (que não passam disso mesmo) sobre este movimento do qual faço parte “de alma e coração” e que tenho vindo a escrever ao longo dos últimos tempos, têm dois propósitos. O 1º é interno, ou seja, tento (se calhar sem o conseguir) que os restantes irmãos ao longo do ano que medeia entre o fim de uma romaria e o inicio de outra, continuem a sentir a chama do Amor de Cristo mas também a sentirem a lenha da oração a crepitar na Alma, como acontece comigo. O 2º é externo, isto é, com estes artigos (uns “tolos” e outros mais “discretos”) tento (muito possivelmente sem o conseguir) que os homens de Deus sintam vontade e, eventualmente, no murmúrio de uma brisa suave[1], a experienciarem um singular e sui generis retiro espiritual, como é uma romaria.
Depois desta divagação, e de volta ao que me propus escrever, ao assunto em si mesmo, vem no seguimento da constatação (minha e demais irmãos romeiros) de que, ao longo destes quase 5 anos consecutivos de romarias na Terceira, o número de irmãos não ter aumentado muito, como seria o esperado ou melhor dizendo, como gostaríamos que fosse (mas quem sabe?) ao contrário do propósito de Deus. No entanto, como todos nós somos Cristãos, pedras vivas do Evangelho[2], é nosso dever e nossa obrigação semear [3]a Sua palavra, mesmo que essa palavra seja do tamanho de um grão de mostarda[4] e, sendo assim, por “muitos” irmãos romeiros que possamos ser, sinto que somos sempre poucos para trabalhar na messe do Senhor[5]. Mas então “onde estaremos a falhar?” – Poderão alguns irmãos perguntarem-se neste momento.
Pessoalmente e com sincera humildade, sinto que não estamos a falhar em alguma coisa significativa, contudo, poderemos sim, ter que limar algumas arestas aqui ou ali.
Penso, isso sim, que a situação talvez resida no facto da casa do Pai ter muitas moradas[6] e, levando um pouco à letra (é certo) esta passagem bíblica, cada uma dessas moradas poderá ser neste mundo, cada um dos movimentos da igreja e, como tal, nem todos os homens são chamados por Deus para as mesmas coisas. Uns possivelmente completam os outros (quais peças de um puzzle maior) e no todo conseguem que a cruz permaneça de pé, enquanto o mundo gira[7].
Também penso que a situação talvez também resida no facto de uma grande maioria de Cristãos (e que me perdoem os que possam sentir-se ofendidos) não se quererem comprometer verdadeiramente com Cristo, perante o meio e a sociedade onde estão inseridos. Vão a quase todas as missas dominicais, confessam-se regularmente e até por vezes rezam, no entanto, nesta falta de verdadeiro compromisso com Cristo, quase que os equiparo à nova forma de estar da maioria dos políticos, ou seja, são os denominados independentes. Agem como árvores altas e esguias que vergam para o lado que o vento sopra e nisso o Evangelho é bem claro: - Ninguém pode servir a dois senhores[8]. Em suma, não são “nem sim, nem não”, são nim e variam de tonalidade conforme a hora e o local e é nisto que reside o facto de, por muito que nós romeiros convidemos outras pessoas para nos acompanharem como irmãos, estes nunca negam o convite mas, chegados os dias de reuniões, não comparecem e nos dias seguintes “esqueceram-se” ou “não puderam comparecer”.
Alguém já disse que “Os romeiros rezando pelos caminhos da Ilha incomodam muitas pessoas, sejam cristãos, de outras religiões ou até ateus mas, incomodam principalmente os primeiros” Se realmente incomodam, quando a mim só deverá ser pela atitude de compromisso com Cristo perante a sociedade.
Mesmo com mais alguns talvezes, tenho uma certeza! Deus sabe a altura certa de enviar mais homens para esta morada porque, só mesmo Deus para ser louco o bastante, ao ponto de ter conseguido levar um punhado de homens a palmilhar os caminhos desta ilha (…)[9].
[1] 1 Rs 19, 12-13
[2] 1Pe 2, 5
[3] Mt 13, 14,20
[4] Mt 13,31-32
[5] Mt 9,38
[6] Jo 14, 2
[7] “Stat crux dum volvitur orbis” – Lema Cartusiano
[8] Mt 6, 24-34
[9] Excerto do artigo publicado no Jornal “A União” em 10/10/2009, e (re) publicado também em http://romeirosterceira.blogspot.com/2009/10/as-romarias-servem-tambem-para-isso.html"
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
A Memória de Elefante dos Romeiros
Esta passagem fabulosa (termo usado por um irmão que aqui também o uso em sinal de grande amizade, para além de se enquadrar) serve de inicio a mais um artigo de opinião, não foi propositada para vincar bairrismos ou “mostrar ao mundo” que afinal na Ilha Terceira já se fizeram romarias há muito tempo, mas sim propositada para “mostrar ao mesmo mundo” que seguir Cristo é intemporal, independentemente do local ou ilha onde resida. Segui-lO, deverá ser um dever de qualquer Cristão porque só seguindo-O, poderemos almejar a vida eterna. Os romeiros seguem-nO durante todos os dias do ano, culminando na visibilidade da Quaresma.
Assim salvo outros manuscritos mais antigos, poderão ter sido estes três homens os primeiros romeiros desta Ilha de Jesus Cristo. Na altura faziam a romaria “apenas” por causa das doenças do corpo, usuais naquele tempo. Ontem como hoje, continuam a fazê-las por causa das doenças, no entanto, hoje (infelizmente) as doenças são em maior número do espírito.
Todos estes parágrafos até agora serviram de introdução ao tema que hoje pretendo aqui apresentar. É certo que há primeira vista o titulo poderá ser um pouco descabido, no entanto, serve que nem uma luva.
Diz-se que os elefantes têm uma excelente memória. Memorizam imensas coisas, ao ponto de saberem (após a sua longa vida), quando é chegada a hora de “partir”, onde se localiza o cemitério dos seus. Assim, põem-se a caminho durante longos dias até chegarem ao destino previsto. Os romeiros também são um pouco assim, isto é, não pensando na “hora de partir”, sabem onde se localiza a fonte da sua devoção e sabem de onde partiram. Sabem que Deus é Tudo e O Todo e também sabem que o descanso divino está na oração profunda e sentida, e nada melhor que orar em comunidade, no caso concreto, em romaria.
Como é belo (ainda que no resto do ano também) em romaria, orar o terço num canto dolente, quase nostálgico e choroso, mas ao mesmo tempo, profundo, sublime e melodioso. Como seria bom que todos os Cristãos se lembrassem de Deus todos os dias das suas vidas, como Ele se lembra de nós todos os segundos da Sua Eternidade. Os romeiros, conscientes desse facto, têm essa tal memória de elefante e não precisam de se lembrar de Quem lhes soprou a vida[2] porque já não são eles que vivem mas é Cristo que vive neles[3].
É também nessa memória de elefante que os romeiros oram por todos, mesmo sem saberem “quem são esses todos”, mas isso pouco ou nada importa. O que realmente importa é orarem, e não querendo dizer que eles são mais do que os demais Cristãos, faz-me lembrar uma passagem que li num livro, muito simples mas ao mesmo tempo cheia de tanta fé e, curiosamente, idêntica aos que os romeiros praticam, principalmente em romaria:
“Conta-se, num romance americano, a história de um famoso pregador que empolgava as multidões: «Diante do seu púlpito, um velhinho seguia fielmente todos os sermões. O pregador estava muito contente com o seu êxito. Um dia, apareceu-lhe um Anjo: “Felicito-te pelas tuas conferências… és excelente” Mas já reparaste num velhinho que vem sempre ouvir-te?” “Sim, já o vi”, respondeu o orador sagrado. Acrescentou o Anjo: “Fica então sabendo que ele vem, não para te ouvir, mas para rezar por ti. É graças às suas orações que os teus sermões fazem tanto bem aos fiéis”» [4]. Como seria bom que todos, sem excepção, rezássemos diariamente pelos outros, mesmo sem os conhecermos, mesmo sem os ouvirmos, mas convictos da nossa memória de elefante. Dentro da minha humildade possível de pecador, como os demais romeiros, “talvez seja” por essa atitude despojada de vanglória pessoal de cada um de nós, que os sermões do nosso irmão contra-mestre, façam tão bem aos fiéis naqueles 5 dias de romaria… “talvez seja!”
[1] Excerto da página 51 do Livro do Doutor Gaspar Frutuoso “ Livro Sexto das Saudades da Terra”. Escrita terminada por volta de 1590.
[2] Génesis 2-7
[3] Gálatas 2-20
[4] François Xavier Nguyen van Thuan – Testigos de Esperanza.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Romaria 2011
Reuniões:
19 de Janeiro de 2011
9 e 23 de Fevereiro de 2011
2, 16 e 23 de Março de 2011
Contactos: Irmão Mestre 962279343 e Padre Dolores 962921519