Pega na tua
cruz e segue-Me[1]
Jesus Cristo por várias vezes[2]
referiu esta, como sendo a condição principal para O seguir, antecipando assim
a Sua própria cruz que viria a ocorrer algum tempo depois.
Obviamente que Jesus não disse isso no sentido
estrito da palavra, isto é, não se referia a uma cruz física e idêntica há
d`Ele ou das demais pessoas que eram crucificadas naquele tempo. A cruz que Ele
se referia, quanto muito seria idêntica, mas num sentido figurativo, num
sentido de obediência a Deus acima de todas as coisas e a sofrer para
alcançar a ressurreição e a vida eterna. Não o sofrimento que Ele passou por
todos nós, porque esse é humanamente impossível, mas sim aquele sofrimento
que passamos por Amor a Ele, muitas vezes doloroso, outras tantas penoso e
quantas vezes angustiante. Se realmente amarmos Deus, esse sofrimento é tudo
menos a enorme carga negativa que essa palavra comporta, que essa palavra nos
leva a pensar e sentir. Tantos santos e santas que sofreram mais do que nós, no
entanto, das suas bocas só saíram palavras de amor, de afeto e paixão, por Deus
nosso Senhor, mesmo no momento da morte, muitas vezes dolorosa. Deus
convida-nos constantemente a sermos santos, no entanto, começando por mim,
continuamos a não ama-lO o suficiente para que esse sofrimento da
cruz, seja tudo menos o sofrimento, como quase constantemente vamos
dizendo. Mas como não cairmos nessa tentação, se tantas vezes que em
redor de nós são só Domingos de Ramos e assim que podem gritam a
Pilatos “-Crucifica-o!”, enquanto vemos inúmeros Barrabáses
continuarem a serem tidos como heróis e inocentes?
A cruz com que Ele quer que O sigamos, é idêntica
há Sua, feita de pequenos pedaços de
madeira, vulgarmente designados como adversidades, contratempos, injustiças,
problemas, desgraças, fatalidades e demais sinónimos possíveis e torna-los, não
como espinhos da alma, mas como eventualidades, sucessos, equidades, soluções,
graças e otimismos quais rosas no coração. É pegarmos nessa cruz bendita e ainda que muitas vezes
sintamos que quase se torna insuportável o seu peso, ao obedecermos a
Deus acima de todas as coisas, ela tornar-se-á leve como as asas de um anjo.
Apesar de serem muito bonitas estas palavras sentidas no momento em que as
escrevo, não é fácil torna-las definitivas de uma vez só, não é nada fácil
substituir a componente negativa do sofrimento por algo como, alegria,
felicidade e regozijo.
Sinto que se tivermos uma
atitude semelhante a Maria, conservando todas estas coisas e
ponderando-as nos nossos corações[3],
conseguimos carregar a nossa cruz, não como sofrimento mas sim como O
caminho, A verdade e A vida[4] até
ao derradeiro dia.
Seja
sempre Louvada a Sagrada Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Paulo
Roldão
(um irmão romeiro, como os demais)
20
de março de 2016
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