Neste dia em
particular, lembrei-me deste
pequeno artigo publicado noutro espaço no ano de 2011. Passaram-se quase 4 anos
desde a sua publicação, no entanto, mantem-se vivo na minha alma e aqui o
partilho convosco.
Confesso que
nunca me tinha apercebido, conscientemente, do facto do Cristo crucificado ter
o rosto virado para o lado direito, até ao dia em que vi O da
fotografia.
Foi durante
uma cerimónia ocorrida na Igreja da Vila de São Sebastião, pelos bodos deste
ano, que me apercebi do Cristo da foto acima e, com as luzes a incidirem n`Ele,
a estrondosa “revelação” que me transmitia. Ainda que inclinado para a direita,
as sombras originadas pelas luzes, mostram-me que Ele, tanto virou o rosto para
a direita como para a esquerda, tendo entregue o espírito quando estava virado
para a direita.
Esta imagem
transportou-me à 11ª estação da Via-sacra e à sua mensagem:
(Jesus é pregado na cruz) – “Com
Ele foram também crucificados dois ladrões. Um insultava-o dizendo-lhe “Não és
Tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também.” Mas o outro, tomando a
palavra, repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo
suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas
ações mereciam, mas Ele nada praticou de condenável.”
Parei um
pouco para pensar e meditar nesta passagem bíblica, na qual nos é narrado que
Cristo foi crucificado juntamente com dois ladrões, um à direita e outro à
esquerda. Um insultando-O, o outro aceitando o castigo. No entanto este último
continua dizendo-Lhe:
“- Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino. Ele
respondeu-lhe: - Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.”
A
simplicidade, a verdade e o sentir que Cristo era realmente o Messias, de um,
contrasta com a arrogância e o desprezo do outro, quase como (diria eu) um
“confronto” entre o bem e o mal. Assim cumpria-se o que estava escrito.
Voltando ao
início deste devaneio exacerbado, e perante a “revelação” ali exposta, a mim e
a todos aqueles que se aperceberam, veio-me ao pensamento a seguinte passagem:
“ E inclinando a cabeça, entregou o espírito.”
Como mero
leigo entre os demais, e após ter contactado com 2 ou 3 sacerdotes, nada em
concreto me foi dito do porquê da inclinação para a direita e, em certa medida,
essa falta de explicação bíblica sobre a inclinação da Sua cabeça, leva-me
novamente ao encontro revelante da sombra projetada pelas luzes. Um Cristo que
se inclinou para os dois lados, para os dois ladrões. Um Cristo que, tendo
sentido que um deles acreditava n `Ele, perdoou-Lhe todas as suas ações e
prometeu-Lhe a entrada no Paraíso nesse mesmo dia. Quanto ao outro, não
acreditou que estava perante o Messias, o Redentor. Para este, Cristo era
apenas mais um criminoso, mais um que recebia o seu castigo na Cruz.
Sinto que no
momento derradeiro, quando exclamou: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito.” (mesmo antes disso seguramente), deve ter olhado constantemente
para o ladrão que não acreditava N`Ele, esperando que, mesmo no seu derradeiro
suspiro, O aceitasse como sendo O Filho daquele que é . Esse
ladrão era o que estava pregado ao seu lado direito. “Dito isto,
expirou”.
Ontem como
hoje, continua com o rosto inclinado para a direita, inclinado para aqueles que
não creem n`Ele, esperando pacientemente que, antes do derradeiro momento,
essas pessoas apenas lhe digam:
“ – Jesus, lembra-te de mim…”
Paulo Roldão
(Um irmão romeiro, como os demais)
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