A missão é só uma: seguir a pé o caminho francês para Santiago de Compostela. No entanto, as perspectivas da viagem peregrina alcançam a Finisterra.
Os quatro homens da ilha Terceira, habituados a essas “andanças”, deverão percorrer 25 a 30 quilómetros diários, entre oito a nove horas, durante os próximos 39 dias.
Na bagagem levam determinação, Fé e alguma nostalgia.
Partem amanhã da cidade de Saint Jean Pierd de Port, o ponto de partida do caminho francês, passando por Roncesvalles – a Rota de Napoleão – Pamplona, seguindo outras cidades e vilarejos. Depois de percorridos os 823 quilómetros até ao apóstolo Santiago de Compostela, os peregrinos terceirenses pretendem somar 130 quilómetros ao percurso para chegar a Finisterra, considerado o “fim da terra”, a noroeste da Europa. Uma viagem que apesar de incluir muita “reflexão” sobre a vida e a própria pessoa não se manifesta de forma monótona.
“No primeiro dia vamos subir uma altitude de mais ou menos 1700 ou 1800 metros, num total de 29 quilómetros, entre oito a dez horas”, adianta João Borges, um dos peregrinos.
No entanto, nem as longas distâncias nem as más condições climatéricas que naturalmente se fazem sentir poderão deter os viajantes da ideia traçada. “Quando partimos para uma peregrinação sentimos aquela necessidade de nos procurarmos a nós próprios, a nós próprios com Deus. Connosco levamos os nossos familiares, a saudade, a nostalgia…É um caminho solitário, muito interior”, explica, acrescentando que “cada um vai por si, no meu caso sem telemóvel e sem relógio”.
Todos os dias, à semelhança do que aconteceu o ano passado na viagem pelo caminho português, João Borges, Francisco Codorniz, Padre Dinis Silveira e António Morais fazem questão de assistir a uma missa, celebrada em diferentes Igrejas ou lugares. Um momento considerado “comovente” pela grandiosidade de todo o seu contexto.
Questionado sobre o que sente na ocasião em que avista o local de destino, o Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela, João Borges revela que “cumpriu a sua missão”, mas, sobretudo, “gera-se o sentimento de perdão, por isso chamo o ‘Pórtico do Perdão’”. Ao chegar a casa, depois de a viagem, “a sensação agradável perdura, além de que estamos desprendidos das coisas materiais”, refere.
Pelo caminho, a pé, desde o raiar do Sol ao fim da tarde, os peregrinos costumam encontrar pessoas de várias nacionalidades, crenças e idades, muitos com o mesmo propósito.
“O caminho é feito para todos, não há discriminação. O necessário é ter determinação, ser organizados na preparação da viagem”, diz João Borges, referindo que, naquele caso, os quatro peregrinos combinaram a viagem pelo caminho francês há um ano.
De acordo com João Borges, não há conhecimento de outros peregrinos dos Açores naquela viagem a Santiago de Compostela, ainda que, por hábito, encontrem sempre algum açoriano pelas mesmas “andanças”.
No que se refere à altura do ano mais indicada para realizar a peregrinação, o viajante indica a Primavera ou o princípio do Outono, por considerar “mais calmo e menos calor”, devendo-se, por isso, evitar o mês de Agosto devido às altas temperaturas.
As refeições são “ligeiras”, confeccionadas, algumas delas, nas cozinhas dos albergues dos peregrinos, localizados ao longo de todo o caminho sagrado. Quando não pernoitam naqueles espaços, servem-se das portas das Igrejas, ao relento.
O regresso da viagem dos quatro terceirenses está marcado para 10 de Novembro. Uma aventura carregada de história e de estórias que cada peregrino haverá de querer contar.
20 mil peregrinos
De acordo com dados históricos, existem em média 20 mil peregrinos, por ano, em viagem pelo norte de Espanha nas três maneiras consideradas como formas autênticas de peregrinação: a pé, de bicicleta ou a cavalo.
O Caminho para Santiago de Compostela foi declarado, em 1993, Património da Humanidade pela UNESCO.
Existem várias versões sobre Santiago de Compostela. Uma delas, a mais conhecida, refere que Tiago, irmão de João, morreu à espada em Jerusalém, na perseguição desencadeada contra os chefes da igreja por Herodes Agripa. O seu martírio ocorreu no ano 42 d.C. Posteriormente, no século. IX, o bispo Teodomiro de Iria descobriu milagrosamente o corpo do apóstolo e o rei Afonso II, O Casto, edificou uma igreja e um mosteiro sobre o sepulcro do santo.
Sónia Bettencourt
(artigo retirado do Jornal "A União")
Os quatro homens da ilha Terceira, habituados a essas “andanças”, deverão percorrer 25 a 30 quilómetros diários, entre oito a nove horas, durante os próximos 39 dias.
Na bagagem levam determinação, Fé e alguma nostalgia.
Partem amanhã da cidade de Saint Jean Pierd de Port, o ponto de partida do caminho francês, passando por Roncesvalles – a Rota de Napoleão – Pamplona, seguindo outras cidades e vilarejos. Depois de percorridos os 823 quilómetros até ao apóstolo Santiago de Compostela, os peregrinos terceirenses pretendem somar 130 quilómetros ao percurso para chegar a Finisterra, considerado o “fim da terra”, a noroeste da Europa. Uma viagem que apesar de incluir muita “reflexão” sobre a vida e a própria pessoa não se manifesta de forma monótona.
“No primeiro dia vamos subir uma altitude de mais ou menos 1700 ou 1800 metros, num total de 29 quilómetros, entre oito a dez horas”, adianta João Borges, um dos peregrinos.
No entanto, nem as longas distâncias nem as más condições climatéricas que naturalmente se fazem sentir poderão deter os viajantes da ideia traçada. “Quando partimos para uma peregrinação sentimos aquela necessidade de nos procurarmos a nós próprios, a nós próprios com Deus. Connosco levamos os nossos familiares, a saudade, a nostalgia…É um caminho solitário, muito interior”, explica, acrescentando que “cada um vai por si, no meu caso sem telemóvel e sem relógio”.
Todos os dias, à semelhança do que aconteceu o ano passado na viagem pelo caminho português, João Borges, Francisco Codorniz, Padre Dinis Silveira e António Morais fazem questão de assistir a uma missa, celebrada em diferentes Igrejas ou lugares. Um momento considerado “comovente” pela grandiosidade de todo o seu contexto.
Questionado sobre o que sente na ocasião em que avista o local de destino, o Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela, João Borges revela que “cumpriu a sua missão”, mas, sobretudo, “gera-se o sentimento de perdão, por isso chamo o ‘Pórtico do Perdão’”. Ao chegar a casa, depois de a viagem, “a sensação agradável perdura, além de que estamos desprendidos das coisas materiais”, refere.
Pelo caminho, a pé, desde o raiar do Sol ao fim da tarde, os peregrinos costumam encontrar pessoas de várias nacionalidades, crenças e idades, muitos com o mesmo propósito.
“O caminho é feito para todos, não há discriminação. O necessário é ter determinação, ser organizados na preparação da viagem”, diz João Borges, referindo que, naquele caso, os quatro peregrinos combinaram a viagem pelo caminho francês há um ano.
De acordo com João Borges, não há conhecimento de outros peregrinos dos Açores naquela viagem a Santiago de Compostela, ainda que, por hábito, encontrem sempre algum açoriano pelas mesmas “andanças”.
No que se refere à altura do ano mais indicada para realizar a peregrinação, o viajante indica a Primavera ou o princípio do Outono, por considerar “mais calmo e menos calor”, devendo-se, por isso, evitar o mês de Agosto devido às altas temperaturas.
As refeições são “ligeiras”, confeccionadas, algumas delas, nas cozinhas dos albergues dos peregrinos, localizados ao longo de todo o caminho sagrado. Quando não pernoitam naqueles espaços, servem-se das portas das Igrejas, ao relento.
O regresso da viagem dos quatro terceirenses está marcado para 10 de Novembro. Uma aventura carregada de história e de estórias que cada peregrino haverá de querer contar.
20 mil peregrinos
De acordo com dados históricos, existem em média 20 mil peregrinos, por ano, em viagem pelo norte de Espanha nas três maneiras consideradas como formas autênticas de peregrinação: a pé, de bicicleta ou a cavalo.
O Caminho para Santiago de Compostela foi declarado, em 1993, Património da Humanidade pela UNESCO.
Existem várias versões sobre Santiago de Compostela. Uma delas, a mais conhecida, refere que Tiago, irmão de João, morreu à espada em Jerusalém, na perseguição desencadeada contra os chefes da igreja por Herodes Agripa. O seu martírio ocorreu no ano 42 d.C. Posteriormente, no século. IX, o bispo Teodomiro de Iria descobriu milagrosamente o corpo do apóstolo e o rei Afonso II, O Casto, edificou uma igreja e um mosteiro sobre o sepulcro do santo.
Sónia Bettencourt
(artigo retirado do Jornal "A União")
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