sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CAETANO TOMÁS "Queria ser um padre do mundo"

"Aceita com gratidão, mas com timidez, a homenagem que um grupo de fiéis lhe prepara a 4 de Março para assinalar os 60 anos de sacerdócio. À “a União” confessa que quis ser “um padre do mundo”, mas desiludiu-se com a geração saída do pós-guerra que apelida de “infantil” e “egocêntrica”. A mesma que diariamente o procura para aconselhamento espiritual.

“Fui criado com a ideia de que um homem só se gaba depois de morto e o sol depois de posto”. Caetano Tomás é, como sempre, peremptório quando fala sobre as coisas da vida, assumindo semelhante postura à homenagem que se avizinha para assinalar os seus 60 anos de sacerdócio, encarada com gratidão, mas com “uma certa timidez”.
“Não parece, mas sou uma pessoa tímida”, refere-nos em conversa mantida na intimidade da casa, em São Pedro, sala de estar onde é solicitado diariamente por pessoas em busca de orientação espiritual.
O próximo dia 4 de Março, data que assinala a passagem de seis décadas da sua ordenação é encarada, revela-nos, “com um pouco de angústia e complexo… de culpa”.
Não se sente totalmente meritório de tal honra, porque encara a efeméride como mais uma etapa da sua vida.
Mas a preparação dos festejos, reconhece, já mexem com a sua rotina. As solicitações ao telefone são uma constante: “sim, tenho recebido muitos telefonemas por causa da homenagem”.
É tempo de recordar, a sua biografia, o seu percurso eclesiástico. O Cónego Caetano Tomás já tem as fotografias preparadas. O resto sabe-o de cor

Ordenado entre 160 académicos

Lembra-se perfeitamente do dia em que foi ordenado em Roma, na Basílica de São João de Latrão – “a maior das igrejas católicas”, enfatiza.
“Nesse dia, ordenaram-se cerca de 160 estudantes eclesiásticos de vários colégios e universidades”, numa altura, explica, em que Roma albergava cerca de 10 mil académicos católicos.
Na sua missa de ordenação, Caetano Tomás contabilizou 30 novos colegas de sacerdócio. “Pessoalmente, foi um acontecimento muito importante”.
Igualmente importante foi o tempo que permaneceu no Vaticano: “foi um tempo maravilhoso. O tempo mais leve da minha vida”, completado entre 1947 a 1954, com a conclusão da licenciatura em Teologia e Filosofia.
“Queria ser um padre do mundo”, conta, recordando que Roma era “muito eclesiástica, com um ambiente muito universal. Havia mais de uma centena de nacionalidades entre os estudantes eclesiásticos”.
Ainda antes de regressar à ilha Terceira em 1954, onde assumiu a longo prazo a docência no Seminário Episcopal de Angra, como professor de Matemática e Física, a sua paixão pela Psicologia fê-lo aprofundar a sua instrução em Itália e em Inglaterra.
Aliás, a docência esteve-lhe na vocação que desenvolveu em várias instituições, caso da então Escola do Magistério Primário e Educadores de Infância de Angra onde leccionou Psicologia e da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo.

Capelão há 52 e CPM há 30 anos

É, há 52 anos, capelão de São Gonçalo, ocupando igual função, há uma década, na Casa de Saúde de São Rafael e no Bairro do Lameirinho.
O Cónego Caetano Tomás é também conhecido por orientar Cursos de Preparação para o Matrimónio (CPM), função que alarga a todas as pessoas que lhe surgem com problemas para partilhar e orientar.
“Já são 30 anos de CPM”, conta, período ao longo do qual não traça um balanço positivo. A falta de segurança e de autoridade são os dois pontos fundamentais em que a sociedade falha. É por isso que fala em “terapia” e em orientação para a “cura de depressões” de quem o procura.
“Existe falta de regras seguras na educação, de homens seguros”, conta.
Mas, o pior, adianta, está na perda do valor “trabalho”: “vivemos numa época lúdica, de brincadeira, e o que faz a realidade válida é o trabalho, a atitude laboral, livre, voluntária, responsável”.
“Hoje em dia, o trabalho é um factor de comércio, e não de gosto humano, não de função”, explica.
O egocentrismo, “causado por uma geração europeia do pós-guerra, marcada pelo bem- estar generalizado, pelas facilidades”, está, aponta com amargura, a “afundar” a Europa.
A raiz do problema, refere, “está na família”: “antes as crianças brincavam aos trabalhos e agora chegam aos 14/16 anos e não fizeram nada, não sabem fazer nada e são uns preguiçosos”.
A infantilização do homem, com a ascensão social e profissional da mulher é outra temática que lhe é cara e que tem moldado as gerações saídas da década de 60.
Todos estes tópicos levaram-no a fazer vários trabalhos sobre Psicologia na rádio e na televisão, realizando diversas acções de formação para docentes e público em geral. Já publicou várias obras, entre as quais: “Entender o Cristianismo” e uma obra com quatro volumes: “Pessoas - Traços e Comportamentos”.
Florentino com percurso

Nascido na ilha das Flores, a 12 de Setembro de 1924, Francisco Caetano Tomás mostra, sentado na poltrona moldada aos seus jeitos, os percursos de vida através de poucas fotografias.
O cumprimento a João Paulo II, aquando da sua passagem pela ilha Terceira em 1991, a cerimónia de lançamento dos seus livros, o encontro com personalidades políticas, os passeios pela sua terra natal, uma fotografia de grupo dos CPM e uma caricatura pela qual guarda um especial carinho, elaborada por um antigo aluno do Seminário estão entre as escolhidas.
Perde mais tempo nas fotografias de família. É o sétimo filho de 14. “Escaparam dez”, diz-nos.
Guarda da família, a referência da rectidão. Hoje, com 85 anos, já tem 36 sobrinhos. Mantém contacto com os irmãos radicados no Canadá, E.U.A, São Miguel e nas Flores. Na ilha Terceira, faz da comunidade a sua família alargada, à qual mantém porta sempre aberta.
O programa de homenagem ao P.e Caetano Tomás contará com uma missa, marcada para as 18H15, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, seguida de um jantar-convívio, às 20H00, no Clube Musical Angrense.
Presentes na cerimónia estarão dois oradores, o Monsenhor José Lima e Álvaro Monjardino"

Artigo publicado no Jornal "A União" de hoje.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Procissão de Passos ou do Encontro

"No Segundo Domingo da Quaresma, faz-se nesta cidade de Angra, dita do Heroísmo e, Há um quarto de Século a esta parte, reconhecida como “Cidade Património Mundial”, a centenária Procissão do Senhor dos Passos, promovida pela Irmandade de Santa Crus e Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
As procissões de Passos foram trazidas para os Açores pelos seus primeiros povoadores, vindos do Continente, onde eram “manifestações litúrgico e populares de fé, entre o Século XIV e XVIII, em muitas das cidades e vilas”. Dos Açores foram levadas para o Brasil, onde, ainda hoje são das maiores manifestações religiosas em Florianópolis (1766) e Olinda (1773).
Sendo certo que, onde houvesse uma Fraternidade Franciscana havia a correspondente Procissão de Passos, representando uma das quedas do Senhor a Caminho do Calvário, ou a Procissão de Penitência, representando o Senhor preso à coluna, sendo flagelado. Tal como em Angra do Heroísmo, muitas das Procissões de Passos são promovidas pelas Irmandades de Santa Cruz e Passos, sendo uma das mais famosas, a de Nazaré, iniciada em 1619, com uma imagem supostamente trazida de Nazaré da Galileia, Terra Santa, e há poucos anos restaurada.
A imagem do Senhor dos Passos, normalmente de tamanho natural, representa Jesus, sob o madeiro, numa das quedas a Caminho do Calvário, como que a prevenirmos das nossas próprias quedas da vida, nas vias não sacras do mundo em que vivemos, onde os “Herodes” e “Pilatos”, abundam mais que as ”Verónicas”, ou “Cerineus”, que nos ajudem a levar as nossas próprias cruzes.
Fazem parte integrante dos rituais da Procissão do Senhor dos Passos, a transladação, ou mudança da Imagem, no seu andor, no véspera à noite, da Igreja do Colégio dos Jesuítas (que foi), para a Igreja, hoje Santuário de Nossa Senhora da Conceição, este ano, cerca das 20h00, donde sairá no Domingo, às 15h00, após a Missa das 14h00.
Momento esperado, durante a procissão, é o Encontro da Imagem do Filho, com a Mãe, Nossa Senhora das Dores, onde os fiéis aguardam o designado “Sermão do Encontro”. Bem precisamos de muitos encontros de Mães, com seus Filhos, desencontrados por caminhos, bem distantes dos que nos conduzam ao sentido da convivência familiar e comunitária, onde todos são bem-vindos, desde a criança não nascida ao velhinho à espera de Partir para a Casa do
Pai."
Artigo publicado no Jornal "A União" de hoje da autoria do Padre Dolores.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

CONSIDERA O MESTRE Romeiros da Terceira no "bom caminho"

"Os Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, de Angra do Heroísmo, preparam o início da sua caminhada de fé quaresmal, que levará 43 homens a percorrer as estradas da ilha Terceira de 3 a 7 de Março. Essa manifestação religiosa secular, reactivada há quatro anos, mostra-se firme e, por isso, segundo o mestre do rancho, Hélder Ávila, as atenções estão agora voltadas para os jovens.
É o único rancho de romeiros existente na ilha Terceira, pelo menos até à data, e foi reactivado há quatro anos depois de o seu desaparecimento por um longo período de tempo, motivado talvez pela ocorrência de abalos e catástrofes naturais. Coube a quatro homens o trabalho inicial de reconstituir uma tradição de carácter religioso vivida numa caminhada de fé quaresmal e, uma vez afirmada, de acordo com o mestre dos Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, de Angra do Heroísmo, caberá naturalmente aos jovens dar a sua continuidade. Hélder Ávila sublinha, por isso, a importância de cativar a juventude a fazer parte deste agrupamento terceirense que levará os Irmãos a percorrer as estradas locais num “retiro espiritual em andamento” de rezas e cânticos. “Estamos a perder valores. A juventude parece não acreditar em nada e ninguém parece acreditar na juventude”, alerta o responsável, frisando a necessidade de integrar mais “caras novas” de modo a garantir o futuro da tradição. Para o efeito, acrescenta, torna-se fundamental uma maior abertura por parte dos pais. Aparentemente, a causa está relacionada com a escola e os estudos. “Os miúdos acabam por perder alguns dias de aulas mas as faltas serão justificadas”, assegura. Ao todo são 43 católicos, entre 9 e 60 anos de idade, das ilhas Terceira, Graciosa e, provavelmente, São Miguel, bem como da cidade de Toronto, que se encontram de momento a ultimar os preparativos da romaria. Um número considerado significativo que tem vindo a aumentar a cada ano. “Na minha perspectiva as coisas estão a seguir o seu caminho mais facilmente do que pensei. Em termos logísticos, hoje temos pernas para andar antes não tínhamos praticamente nada”, diz em tom de balanço.
O percurso a fazer pelos romeiros, que deve acompanhar, por norma, a trajectória dos ponteiros do relógio, terá início às 4 horas da madrugada de 3 de Março, depois de a celebração de uma missa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, e terminará a 7 do mesmo mês, pelas 19 horas, com a missa de recolhimento no referido templo. Contam com o apoio espiritual de seus amigos e familiares para completar cerca de 300 quilómetros na totalidade e o contributo das pessoas que costumam encontrar durante a viagem, à volta ilha, na oferta de refeições e lugar para pernoitar.

Maior aceitação
Relembrando as críticas populares da altura de formação do rancho, em 2006, Hélder Ávila reafirma que os Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição trataram de “reactivar e não imitar” uma tradição terceirense. Mas compreendeu as reacções menos simpáticas da população tendo em conta que a tradição se manteve sempre ao longo dos séculos na ilha de São Miguel, onde existem actualmente mais de meia centena de ranchos de romeiros. “As pessoas já encaram de maneira diferente. Acredito que antes ouvíamos nomes feios não por má criação das pessoas mas por puro desconhecimento de causa”, realça o mestre, referindo a propósito a semelhança entre a indumentária usada pelos romeiros de ambas as ilhas.“Foram muito bem escolhidos; são perfeitos para abrigar do frio e da chuva”, afirma sobre o xaile, o lenço, o bordão, o terço e a sovadeira (sacola) – os elementos essenciais para os peregrinos seguirem a sua jornada.
Para além disso, é preciso alguma coragem para assumir a vivência da romaria, enquanto homens e católicos, resume, recorrendo a um lema comum a qualquer rancho – “o que é da romaria fica na romaria”, para concretizar o seu raciocínio. "
Artigo publicado no Jornal "A União" de hoje.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cinzas: sementeira de palmas

"Foi-se a folia do Carnaval, com ou sem máscaras a iludir-nos de que vivemos no “paraíso perdido”, das promessas de uns poucos, que traíram a terra, abandonaram os valores familiares e levam muitos a serem apóstatas da fé baptismal, que a trocam por um qualquer “prato de lentilhas”.
Alguns, na Quarta-feira de Cinzas foram recebê-las à Igreja, dando início a mais uma Quaresma, que os convida a serem humildes, tal como o húmus que torna fértil as terras que o acolhem. Não se trata de cinzas vulcânicas, que por muita parte abundam, nem dos tradicionais “tremoços” e azotados, que se enterravam no Outono, para adubarem as terras de cultivo.
As cinzas, resultado da queima das palmas do Domingo de Ramos, do ano anterior, convidam-nos, a uma verdadeira penitência, em que somos convidados a viver a experiência bíblica de milhares de anos. “Lembra-te ó homem que és pó e em pó te hás-de tornar” (Génesis 3, 19).
Em Domingo de Ramos de novo celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. É Evidente que numa “cultura da morte”, como a crise de valores em que nos mergulharam, poderá ser um dilema para os cristãos a afirmação da sua fé, sempre ao longo da história tão perseguida.
Uma oportunidade mais nos é concedida, para além de todos os preconceitos de uma sociedade marcada pela ditadura vigente, da dita “pós modernidade”., que proclama os Direitos Universais e tudo faz para os ludibriar, no que diz respeito à Vida, à Família e à Terra dos nossos Pais.
Que as cinzas colocadas em nossas testas, no início da Quaresma, sejam sinal de penitência, de humildade e de reconhecimento da nossa condição de criaturas mortais. Que o Jejum, a Abstinência, a Esmola, traduzida em Renúncia quaresmal, sejam sementeira de palmas, das nossas pequeninas vitórias, sobre toda a espécie de mal e nos conformem com a verdadeira Imagem do Criador.
Espalhem-se as cinzas, por toda a parte e brotará uma nova Vida, Ressuscitada, como é bem necessário, em nossas comunidades de baptizados, pois muitos deles não conhecem a razão de ser da nossa Fé. Semeiem-se as Cinzas para que haja mais Vida e em abundância."
Artigo publicado no Jornal "A União" de hoje, da autoria do Padre Dolores

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Romeiros terceirenses preparam "retiro a andar"

São mais de trinta os “irmãos” romeiros que iniciam, em março, uma peregrinação pela ilha. Uma oportunidade de meditar e de rezar; um retiro para homens crentes, que também foram fustigados pela vida.Uma romaria representa limpeza da alma, representa simplicidade e humildade. Francisco Dolores, pároco na igreja da Conceição, define o costume como “um retiro a andar, para pensar nas circunstâncias do tempo e da vida”. Em São Miguel existem, hoje, cerca de 2700 romeiros e iniciam as suas caminhadas no próximo dia 20 de fevereiro. Na Terceira, começam, agora, os preparativos para a peregrinação de março. Esta é já a quarta vez que o grupo palmilha as ruas das freguesias da Terceira. O mestre romeiro, Hélder Ávila explicou ao DI alguma da história da antiga tradição. Hélder Ávila desmente a ideia de que esta tradição é exclusiva aos micaelenses: “a tradição dos romeiros aqui na ilha é tão antiga quanto a tradição dos romeiros na ilha de São Miguel, só que é feita noutros moldes”. “As romarias eram feitas em grupos de cerca de 20 pessoas e em duas épocas diferentes do ano: uma na Quaresma e outra pelas festas das freguesias”, clarificou Hélder Ávila.Na Terceira, diz o romeiro, as romarias são tão antigas quanto as micaelenses, porém, “eram feitas com menos gente e numa lógica de deslocação entre freguesias para assistir às festas dos santos padroeiros”. Dado curioso, explicou o pároco da igreja da Conceição, Francisco Dolores, é o costume de os romeiros andarem sempre no sentido dos ponteiros do relógio,independentemente do local do globo onde caminhem. Começam sempre no primeiro domingo da Quaresma, percorrendo as igrejas ligadas à figura de Nossa Senhora. Explicar o costume aos mais novos é uma prioridade para o mestre do grupo da Conceição, que lembrou que “as tradições só se conseguem manter com os jovens, pois são a base para a sua continuidade”. Por isso mesmo, está a ser encetada uma iniciativa na freguesia dos Biscoitos que pretende colocar, já para o próximo ano, um grupo de jovens nas estradas da ilha. A romaria começa na madrugada do dia 3 de março, na igreja da Conceição. Durante cinco dias estes trinta homens vão circundar a ilha, parando em cada paróquia para ouvir a missa ou, simplesmente, para rezar à porta.
(artigo publicado ontem no Jornal "Diário Insular")

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Em romaria temos tempo...não é verdade?



"No primeiro ano de romaria, peculiar em muitos aspectos, tivemos a graça de entre nós ter estado um irmão de São Miguel o qual, por sinal, veio fazer a sua 25ª romaria, ou seja, como diria o Historiador José Hermano Saraiva “Foi aqui nesta Ilha de Jesus que o Irmão Castro fez as suas bodas de prata como Romeiro. Poderia ter feito (como seria de esperar) na sua ilha mas, como Cristão e Romeiro, abdicou desse pressuposto e veio dar o seu contributo a um novo rancho que tinha sido formado.”
Realmente, pegando nas palavras deste ilustre historiador, a sua presença foi uma mais-valia para o rancho, não só nos momentos de silêncio profundo e meditado, como nas suas intervenções um pouco demoradas mas muito eloquentes. Intervenções que (diria eu) transpiravam o amor que tem por Cristo e sua Mãe Maria Santíssima. Muito calmamente e pausadamente ia-nos contando a sua historia, a sua visão de Romeiro e de seguidor de Cristo como Maria, isto é, em silêncio e oração, rematando cada afirmação com “(…) não é verdade?” Por exagero admito, como se fosse Cristo, contava-nos uma “parábola” e punha-nos a pensar nela e na sua abrangência, ensinando-nos assim (sim, porque muitas coisas que nos disse foram ensinamentos) a segui-lO por um caminho mais justo, mais verdadeiro e acima de tudo, mais cristão. Não quero dizer com esta afirmação que nos sintamos como apóstolos bíblicos mas, como baptizados que somos, somos convidados por Deus nosso Pai a sermos parte integrante do Corpo Místico de Cristo e como tal, a agirmos como Sacerdotes, Reis e Profetas, ”não é verdade?”
E com esta afirmação no fim das suas intervenções, qual jaculatória, havia sempre um outro irmão que dizia “temos tempo irmão, temos tempo”, isto porque o caminho que ainda faltava percorrer nesse dia era longo e penoso, como longos são os nossos pecados e penosa a nossa vida sem Ele.
Olhando para trás e apesar de na altura pensarmos que algumas daquelas intervenções eram despropositadas e sem fim aparente (dai a tal observação), o que é certo e sabido é que o rancho chegou sempre a tempo às Casas de Nossa Senhora, como se o tempo tivesse parado durante as referidas intervenções e apenas recomeçado no fim das mesmas. Como se Deus achasse que aquelas intervenções eram tudo menos despropositadas, eram tudo menos demoradas, em suma, era a intervenção do Espírito Santo nele, para que através dele, nós todos crescêssemos mais, espiritualmente falando. Como se aquele “temos tempo irmão, temos tempo” fosse também oriundo, não da boca do irmão romeiro por si, mas sim através de Cristo a todos nós, como que a dizer-nos “Escutai o que ele vos diz!” Nessa altura, como nos anos seguintes, muitas intervenções profundas têm sido feitas, desde o irmão Mestre até ao mais pequeno dos irmãos, mas todas elas com o derramamento do Espírito Santo por sobre eles porque, se tal não fosse, se as palavras que das suas bocas saiam não tivessem o Pai por detrás, elas não ficariam cravadas nos nossos corações e fariam eco na alma como fazem. Se essas palavras não transpirassem o amor que têm por Cristo e sua Mãe Maria Santíssima, de nada valiam e como tal, o “mistério das romarias” deixaria de existir assim como o rancho.
Alguns anos passados, e apesar de terem sido apenas 4 dias de convivência mutua, foram os nossos primeiros 4 dias da maioria dos irmãos presentes. Quatro dias que tem-se prolongado ano após ano com a ajuda da Sagrada Família que connosco vai e, atrever-me-ia também a dizer (mas não por adoração ou idolatria, obviamente), com o seu terço que deixou ao irmão Mestre, terço esse já com os mesmos anos de romarias, já com as contas um pouco gastas de tanto serem contadas, do muito que ainda falta contar, por nós e por todos vós.
No dia-a-dia da vida mais material que espiritual, o tempo é volátil, passa sem nos darmos conta que passou, fica sempre alguma coisa para ser feita amanhã, no entanto, quando no dia-a-dia mais espiritual que material, isto é, em romaria temos tempo…não é verdade?"

Artigo publicado no Jornal "A União" de ontem

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cânticos e Orações III

Perdão
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Perdão Oh meu Deus
Perdão Deus de Amor
Perdão Deus de Clemência
Perdoai-nos Senhor
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Rogai por nós Virgem
Mãe Santíssima
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Eis-me a vossos pés
Infeliz pecador
Meus enormes crimes
Perdoai-nos Senhor
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(refrão)
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Por vossas angústias
Tristezas e amarguras
A oração do Horto perdoai-nos
Senhor
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(refrão)
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Pela Santa Virgem
Que com Grande Amor
Foi ao vosso encontro
Perdoai-nos Senhor
.
(refrão)
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Pela Cruz pesada
E por tanto Amor
Pelas vossas quedas
Perdoai-nos Senhor

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cânticos e Orações II

Hino do Romeiro
Oh Romeiro, oh romeiro
Oh romeiro que Deus te chamou
À conquista de um homem melhor
.
Se algum dia, oh romeiro
a dor te impeça de acreditar
Não te esqueças que levas a Cristo
E que tudo consegues com Ele (2)
.
Oh Romeiro, oh romeiro
Oh romeiro que Deus te chamou
à procura de um bom Coração
(refrão)