sexta-feira, 17 de abril de 2015

BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA - 14º Ponto da mesma



Da referida Bula retiramos este 14º ponto que se aplica a todos os Cristãos, mas de certa forma, particularmente a cada um de nós romeiros de corpo e alma. Vale a pena ler e meditar nestas palavras do Santo Padre e depois lê-la na integra.


14. A peregrinação é um sinal peculiar no Ano Santo, enquanto ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua existência. A vida é uma peregrinação e o ser humano é viator, um peregrino que percorre uma estrada até à meta anelada. Também para chegar à Porta Santa, tanto em Roma como em cada um dos outros lugares, cada pessoa deverá fazer, segundo as próprias forças, uma peregrinação. Esta será sinal de que a própria misericórdia é uma meta a alcançar que exige empenho e sacrifício. Por isso, a peregrinação há-de servir de estímulo à conversão: ao atravessar a Porta Santa, deixar-nos-emos abraçar pela misericórdia de Deus e comprometer-nos-emos a ser misericordiosos com os outros como o Pai o é connosco.
O Senhor Jesus indica as etapas da peregrinação através das quais é possível atingir esta meta: « Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco » (Lc 6, 37-38). Ele começa por dizer para não julgar nem condenar. Se uma pessoa não quer incorrer no juízo de Deus, não pode tornar-se juiz do seu irmão. É que os homens, no seu juízo, limitam-se a ler a superfície, enquanto o Pai vê o íntimo. Que grande mal fazem as palavras, quando são movidas por sentimentos de ciúme e inveja! Falar mal do irmão, na sua ausência, equivale a deixá-lo mal visto, a comprometer a sua reputação e deixá-lo à mercê das murmurações. Não julgar nem condenar significa, positivamente, saber individuar o que há de bom em cada pessoa e não permitir que venha a sofrer pelo nosso juízo parcial e a nossa pretensão de saber tudo. Mas isto ainda não é suficiente para se exprimir a misericórdia. Jesus pede também para perdoar e dar. Ser instrumentos do perdão, porque primeiro o obtivemos nós de Deus. Ser generosos para com todos, sabendo que também Deus derrama a sua benevolência sobre nós com grande magnanimidade.
Misericordiosos como o Pai é, pois, o « lema » do Ano Santo. Na misericórdia, temos a prova de como Deus ama. Ele dá tudo de Si mesmo, para sempre, gratuitamente e sem pedir nada em troca. Vem em nosso auxílio, quando O invocamos. É significativo que a oração diária da Igreja comece com estas palavras: « Deus, vinde em nosso auxílio! Senhor, socorrei-nos e salvai-nos » (Sal 70/69, 2). O auxílio que invocamos é já o primeiro passo da misericórdia de Deus para connosco. Ele vem para nos salvar da condição de fraqueza em que vivemos. E a ajuda d’Ele consiste em fazer-nos sentir a sua presença e proximidade. Dia após dia, tocados pela sua compaixão, podemos também nós tornar-nos compassivos para com todos.”

domingo, 12 de abril de 2015

“Por Maria até Deus” (em memória do irmão David Fagundes)


Faz hoje 1 ano que a fotografia que serve de base a este artigo foi tirada por um irmão romeiro. No meio de três que foram apresentadas para o cartaz da IX Romaria, foi esta a escolhida ou a desejada por Deus…quem sabe?
Uma imagem simples mas com sentimentos profundos que nos transporta de imediato para passagens bíblicas, onde quase que podemos sentir, ver e viver que toda a multidão ia ao seu encontro, e Ele ensinava-os[1] e maravilhavam-se com o seu ensinamento[2]. Por algum tempo nós fomos essa multidão que foi ao Seu encontro e tudo o que Ele nos dizia maravilhava-nos.
A imagem também nos mostra alguns dos irmãos, ouvindo-O através das palavras do nosso irmão Padre Dinis, destacando-se o irmão David Fagundes que apenas saiu na VIII Romaria, já que o Pai deve ter achado que ele fazia mais falta do que aqui. Um irmão simples, modesto e humilde. Quando falava sabia o que dizia e sentia aquilo que falava. Recordo-me que no encontro de conclusão da romaria ele ter partilhado com os restantes irmãos ali presentes que as datas da romaria tinham sido propositadas para ele. O dia 13, data do fim da romaria fazia-lhe recordar o dia 13 de janeiro de 2012, data em que a sua mãe tinha partido para o Pai. Quanto ao dia 9 foi com ele o seu significado, já que nenhum dos irmãos se recorda do seu propósito. Como Mariano que ele foi (e deve sê-lo seguramente) esta data também encaminhava-o para o dia 13 de maio na Cova da Iria e Sua e nossa mãe Maria Santíssima. Também me recordo do tema, único é certo mas marcante que ele apresentou ao rancho no mês de outubro de 2014 “Por Maria até Deus”, baseado na sua e nossa paixão pela Mãe do Senhor e pelo que S. Luís de Monfort escreveu no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”. Valeu a pena aquele único momento e aquele título que deu ao tema, já que “Por Maria até Deus”, passou a ser a designação dada ao tempo de silêncio e meditação que temos no 4º dia no local mais conhecido por Santinha do Mato.

Nesta romaria nada de especial ou extraordinário aconteceu, no entanto, entre aqueles que saíram e partilharam com ele a passada romaria, sentiram a sua presença de uma forma inexplicável. Inexplicável no vento forte que por breves segundos se sentiu num determinado local, estando o tempo calmo e solarengo até então, na pomba que sobrevoou o rancho há entrada de uma igreja ou na irmã que connosco orava nessa mesma igreja e que após ter mencionado o seu nome em surdina a um irmão cá atrás, o orador mais há frente pediu uma oração por ele. Inexplicável para nós pecadores, mas para o Altíssimo tudo tem uma explicação.

Paulo Roldão
(um irmão romeiro, como os demais)



[1] São Marcos 2:13
[2] São Marcos 1:22