“Partindo da Sagrada Escritura e da Tradição, a solidão cristã procurada afirma-se como lugar da prova e da promessa, da separação e do encontro, do apagamento e do renascimento, da angústia e da iluminação, do sacrifício e redenção. Na história do Cristianismo, a solidão é, tradicionalmente, um lugar e um tempo de iluminação e de purificação cujos símbolos são a montanha e o deserto e nessa medida a solidão e o silêncio afirmam-se como verdadeiros meios de crescimento espiritual. A solidão cristã é uma solidão para a vida cristã e não a vida cristã uma vida para a solidão.” [i]
É no contexto desta frase, salvo outra mais fundamentada, que vejo e vivo as romarias, que vejo e vivo particularmente o 4º dia e, atrevo-me a dizer aqui, que todos os irmãos romeiros também vêem e vivem as romarias.
Neste dia em particular, caminhamos no meio da natureza quase intacta, quase pura. Ao redor de nós, apenas o verde das pastagens, alguns animais e o azul do céu. Passamos em silêncio e oração mas, os animais quando nos avistam, vêem ao nosso encontro, vêem até às paredes de pedras toscas e observam-nos. Com alguma modéstia e sem querer dizer que é algo transcendente, olham para nós de uma maneira peculiar, de uma maneira diferente daquela que olham outras pessoas que passam, quer sejam em grupo ou isoladamente. Dizemos que são animais irracionais, mas também são criaturas de Deus e como tal, dentro dessa irracionalidade aparente, algo se passa à passagem da Cruz ou à passagem da Sagrada Família que connosco caminha silenciosamente.
Este ano tivemos a graça de sermos abençoados várias vezes com o sinal do baptismo, a água pura e cristalina que caía do céu e banhava-nos até as nossas almas. Nesse 4º dia, onde éramos só nós e Nosso Senhor, e após 3 longos dias de oração profunda acompanhada da respectiva meditação, tivemos a “oportunidade” de escolha. Escolha entre continuar a rezar como até então ou contemplar as obras de Deus ao nosso redor, as quais na minha opinião, não deixam de ser também uma oração dignificando-O, aliás, existem pensamentos que são puras orações e neste dia, existiram momentos nos quais, fosse qual fosse a nossa posição, as nossas almas encontravam-se de joelhos e de mãos postas. Existiram também momentos onde relembrámos a solidão, a tristeza e a saudade da Virgem Maria, por ocasião da Paixão e Morte do seu filho Nosso Senhor Jesus Cristo.
Neste dia, em particular, deambulei entre as certezas profundas e as incertezas constantes. Caminhei entre o quase apóstolo e o ateu mais radical. Percorri a estrada entre o deserto mais seco e desolado e o oásis mais húmido e sombreiro, mas foi nesta longa estrada negra do asfalto, que passei pela solidão necessária em busca de mim mesmo, tentando sentir e viver as palavras de Santo Agostinho “Não vás fora, entra em ti mesmo; no homem interior habita a verdade”. Neste pensamento, Santo Agostinho, dá-nos a perceber que quanto mais o homem fica no exterior, tanto mais se esvazia de si mesmo. Ao contrário, quando este entra em si mesmo, recolhendo-se na sua intimidade, dá-se o encontro com Deus.
Nos dias de hoje, muitos de nós temos dificuldade em compreender que o Senhor faz morada na alma daqueles que têm a capacidade de mergulhar dentro das suas almas e não a ideia enraizada de Deus lá nos céus, quase inalcançável. É nesta solidão para a vida cristã, que em cada um de nós existe uma abençoada solidão, aquele “vazio” interior que não é maléfico, mas sim, o convite de Deus para O encontrarmos num lugar no nosso interior, no qual somente Ele habita, e ali é só Ele e tu, nada e ninguém mais, apenas o silêncio e o diálogo (oração). Todos recebemos este convite, mas poucos respondem-Lhe.
Uma das coisas que sentimos e vivemos em romaria é esse convite permanente de Deus para habitar em nós.
Como um irmão já escreveu, “Assim no silêncio e equilíbrio da paisagem campestre podemos na fé e no amor “estar” com o Senhor Deus.”. É assim que também vejo este “4º Dia”, “um lugar da prova e da promessa, da separação e do encontro, do apagamento e do renascimento, da angústia e da iluminação, do sacrifício e redenção.”
É no contexto desta frase, salvo outra mais fundamentada, que vejo e vivo as romarias, que vejo e vivo particularmente o 4º dia e, atrevo-me a dizer aqui, que todos os irmãos romeiros também vêem e vivem as romarias.
Neste dia em particular, caminhamos no meio da natureza quase intacta, quase pura. Ao redor de nós, apenas o verde das pastagens, alguns animais e o azul do céu. Passamos em silêncio e oração mas, os animais quando nos avistam, vêem ao nosso encontro, vêem até às paredes de pedras toscas e observam-nos. Com alguma modéstia e sem querer dizer que é algo transcendente, olham para nós de uma maneira peculiar, de uma maneira diferente daquela que olham outras pessoas que passam, quer sejam em grupo ou isoladamente. Dizemos que são animais irracionais, mas também são criaturas de Deus e como tal, dentro dessa irracionalidade aparente, algo se passa à passagem da Cruz ou à passagem da Sagrada Família que connosco caminha silenciosamente.
Este ano tivemos a graça de sermos abençoados várias vezes com o sinal do baptismo, a água pura e cristalina que caía do céu e banhava-nos até as nossas almas. Nesse 4º dia, onde éramos só nós e Nosso Senhor, e após 3 longos dias de oração profunda acompanhada da respectiva meditação, tivemos a “oportunidade” de escolha. Escolha entre continuar a rezar como até então ou contemplar as obras de Deus ao nosso redor, as quais na minha opinião, não deixam de ser também uma oração dignificando-O, aliás, existem pensamentos que são puras orações e neste dia, existiram momentos nos quais, fosse qual fosse a nossa posição, as nossas almas encontravam-se de joelhos e de mãos postas. Existiram também momentos onde relembrámos a solidão, a tristeza e a saudade da Virgem Maria, por ocasião da Paixão e Morte do seu filho Nosso Senhor Jesus Cristo.
Neste dia, em particular, deambulei entre as certezas profundas e as incertezas constantes. Caminhei entre o quase apóstolo e o ateu mais radical. Percorri a estrada entre o deserto mais seco e desolado e o oásis mais húmido e sombreiro, mas foi nesta longa estrada negra do asfalto, que passei pela solidão necessária em busca de mim mesmo, tentando sentir e viver as palavras de Santo Agostinho “Não vás fora, entra em ti mesmo; no homem interior habita a verdade”. Neste pensamento, Santo Agostinho, dá-nos a perceber que quanto mais o homem fica no exterior, tanto mais se esvazia de si mesmo. Ao contrário, quando este entra em si mesmo, recolhendo-se na sua intimidade, dá-se o encontro com Deus.
Nos dias de hoje, muitos de nós temos dificuldade em compreender que o Senhor faz morada na alma daqueles que têm a capacidade de mergulhar dentro das suas almas e não a ideia enraizada de Deus lá nos céus, quase inalcançável. É nesta solidão para a vida cristã, que em cada um de nós existe uma abençoada solidão, aquele “vazio” interior que não é maléfico, mas sim, o convite de Deus para O encontrarmos num lugar no nosso interior, no qual somente Ele habita, e ali é só Ele e tu, nada e ninguém mais, apenas o silêncio e o diálogo (oração). Todos recebemos este convite, mas poucos respondem-Lhe.
Uma das coisas que sentimos e vivemos em romaria é esse convite permanente de Deus para habitar em nós.
Como um irmão já escreveu, “Assim no silêncio e equilíbrio da paisagem campestre podemos na fé e no amor “estar” com o Senhor Deus.”. É assim que também vejo este “4º Dia”, “um lugar da prova e da promessa, da separação e do encontro, do apagamento e do renascimento, da angústia e da iluminação, do sacrifício e redenção.”
Artigo publicado no Jronal "A União" de ontem.
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