terça-feira, 24 de maio de 2011

Mãos vazias

" Uma cabeça vazia não serve para nada; mas umas mãos vazias são um poderoso símbolo.
Todos conhecemos as mãos da mãe que sustêm e acariciam o recém-nascido; conhecemos as mãos que curam as feridas e cuidam dos doentes; as mãos do lavrador que semeia no sulco da terra; as mãos do pedreiro que levantam a casa, pedra a pedra; as mãos que escrevem sobre o papel as intuições que palpitam no seu interior.
As mãos que abençoam e perdoam; as mãos estendidas do mendigo à espera de um pedaço de pão; as mãos que, com lágrimas, fazem um sinal de adeus. Um aperto de mão que é sinal de encontro ou de gratidão.
A casa que habito, os móveis que me rodeiam, as vestes que me cobrem, os livros que leio, a estrada por onde caminho, o alimento que tomo, a campa que me acolherá… tudo é obra de umas mãos. Elas são como que um imenso sacramento de serviço e amor. Por elas chegaram à minha vida torrentes de riquezas e bens.
Só ao olhá-las deveria encher-me de emoção e incentivar-me para que, também eu, por estas minhas mãos possa encher o mundo de gestos de misericórdia, de sinais de perdão e acolhimento, com largos abraços de fraternidade. "


Artigo da autoria do Irmão João Dinis.

1 comentário:

Paulo disse...

Adorei a dicotomia do primeiro parágrafo.
Realmente umas mãos vazias, para além de serem um poderoso símbolo, estão constantemente cheias de tudo o que é essencial, mesmo que não vejamos, como tu bem explanas neste artigo.
As mãos que trazem a vida do ventre materno para este mundo são quase mágicas, mesmo que não tenha magia alguma…lembro-me da primeira vez que as minhas mãos tocaram nas mãos da carne da minha carne, tanto afecto e ao mesmo tempo algo difícil de passar a palavras os sentimentos;
As mãos que são sobrepostas no casamento como sinal de entreajuda;
As mãos que carregam até à última morada terrena do corpo;
Na verdade, as mãos vazias transportam O todo da nossa existência como filhos de Deus.