terça-feira, 23 de outubro de 2012

O peso da Cruz


Este terço foi oferecido pelo irmão Fernando Castro da ilha de São Miguel ao rancho, aquando da sua 25ª romaria, por sinal a 1ª desta ilha. Para além do simbolismo subjacente a esse facto, nota-se o passar dos anos, as muitas vezes que estas contas passaram pelas suas mãos de tanto as contar por pedidos feitos. Nota-se ainda, particularmente, as mãos calejadas e as impressões digitais de Jesus nos dedos, do Cristo gasto de tantas dores passadas pelo irmão que carregou o peso deste terço durante um quarto de século.
Estamos perante uma oferta de Deus, e como tal, uma oferta sem qualquer valor comercial, mas sim com um valor espiritual incalculável, ao rancho em especial, e a cada um dos irmãos em particular. Estamos perante, não uma oferta mas, a oferta essencial para cada um de nós, romeiros por devoção, o terço. Terço que em termos de símbolos místico-religiosos da Paixão de Cristo, poderá não representar nada mas no meu modesto entender, poderá simbolizar Simão de Cirene, aquele que (humanamente possível) carregou com Cristo a cruz. Talvez mais a cruz física, mas seguramente na troca de olhares que houve naquele curto período de tempo entre ambos, Simão deve ter sentido o outro peso (brutal e humanamente impossível), que só Ele podia sentir e esse curto período de tempo, diria eu, continua perpetuado cada vez que pegamos num terço e rezamos, tal como nas contas que vão passando nos dedos, aliviam o peso dos nossos pecados/faltas e daqueles por quem rezamos.

Se este terço pudesse falar…
Quantos pedidos Ele terá ouvido? Quantas aflições terá Sentido nas palavras não ditas pelo irmão? Quantas lagrimas terá Ouvido ao passar no meio de homens sedentos de Paz e Amor? Quantos agradecimentos de dádivas concedidas Ele terá levado ao Pai? Quantos louvores o Pai terá recebido em cada romaria?
Não consigo imaginar…mas sei que tudo foi (e sempre será) por honra e glória de Deus e pela salvação de todos nós.
Paulo Roldão
(um irmão romeiro, como os demais)

1 comentário:

joaquim disse...

Gostei deste texto e do pensamento subjacente.

Obrigado Paulo.

O terço é para mim uma oração constante.

Um abraço amigo em Cristo