No retiro preparatório para a VII Romaria ocorrido
no dia 19 do passado mês de janeiro, um dos temas ali apresentados foi sobre a “Fé” a cargo do padre Júlio.
Baseou-se apenas em duas passagens
bíblicas. A primeira foi sobre Zaqueu, o cobrador de impostos e a segunda foi
sobre o jovem rico. Depois de algum aprofundamento do tema, ocorreu-me escrever o presente artigo.
O jovem rico[1]
- Aproximou-se dele um jovem e disse-lhe: «Mestre, que hei-de fazer de bom,
para alcançar a vida eterna?» Jesus respondeu-lhe: «Porque me interrogas sobre
o que é bom? Bom é um só. Mas, se queres entrar na vida eterna, cumpre os
mandamentos.» «Quais?» - perguntou ele. Retorquiu Jesus: Não matarás, não cometerás adultério, não
roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe; e ainda: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: «Tenho
cumprido tudo isto; que me falta ainda?» Jesus respondeu: «Se queres ser
perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no
Céu; depois, vem e segue-me.» Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado,
porque possuía muitos bens.
Zaqueu, cobrador de impostos[2]
- Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade. Vivia ali um homem rico,
chamado Zaqueu, que era chefe de cobradores de impostos. Procurava ver Jesus e
não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. Correndo à
frente, subiu a um sicómoro para o ver, porque Ele devia passar por ali. Quando
chegou àquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa,
pois hoje tenho de ficar em tua casa.» Ele desceu imediatamente e acolheu
Jesus, cheio de alegria. Ao verem aquilo, murmuravam todos entre si, dizendo
que tinha ido hospedar-se em casa de um pecador. Zaqueu, de pé, disse ao
Senhor: «Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém
em qualquer coisa, vou restituir-lhe quatro vezes mais.» Jesus disse-lhe: «Hoje
veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão; pois, o Filho
do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.»
Lendo, mas sobretudo
meditando sobre estas duas passagens bíblicas, quantas vezes agimos como Zaqueu
e quantas vezes agimos como o jovem rico?
Possivelmente, e por
inúmeras vezes tomamos a atitude do jovem rico, cumprimos todos os preceitos, vamos
à missa todos os domingos, “batemos no peito – por minha culpa, minha tão grande
culpa, no entanto, não queremos prescindir de nada que possuímos,
materialmente falando. Não queremos deixar tudo e segui-lO. Ao contrário de
Zaqueu, queremos que a nossa estatura seja enorme, tudo menos pequena, e mais do que sermos observados
por Deus, queremos ser vistos pelos homens, agindo mais como o fariseu[3] do que
como o cobrador de impostos[4].
Queremos que Cristo nos traga a salvação mas ao mesmo tempo não queremos
segui-lO como nos disse.
Mais do que ser jovem rico, isto é, cumprir todos os
preceitos de Deus, penso que devíamos agir mais como Zaqueu, o qual, depois de tê-lO verdadeiramente visto, a salvação entrou na sua casa.
Para algumas pessoas,
Zaqueu poderá parecer um “marginal”, já que não se mostra disposto a alinhar em
fileiras cheias de entusiamo exacerbado, ele, quase que instintivamente procura
um esconderijo entre os ramos do sicómoro. Poderá até parecer um ato de
orgulho, mas afinal de contas, ao contrário daqueles que “seguiam a moda” como
ainda ocorre nos nossos dias, ele estava bem ciente da sua pequena estatura, das suas faltas e das suas lacunas em relação a
Deus. E nós estamos realmente cientes da nossa pequenez, das nossas faltas e das
nossas lacunas?
Mais do que ser jovem rico, isto é, cumprir todos os
preceitos de Deus, desejo ardentemente ser como Zaqueu. O mundo em que vivemos, a igreja e a sociedade em que
estamos inseridos, mais do que pudemos estar dispostos a admitir (publicamente
ou não) depende principalmente dos Zaqueus
seduzidos pelo olhar de Deus, escondidos entre os ramos de um sicómoro, do que
de jovens ricos, que apenas cumprem
os preceitos de Deus, mas não se convertem verdadeiramente, retirando-se assim contristados, porque
possuem muitos bens e não procuram o Filho do Homem que vem constantemente
procurar e salvar os que estão perdidos.
Paulo Roldão
(um irmão
romeiro, como os demais)
1 comentário:
Gostei!
Todos deviamos ser como Zaqueu que é a figura daquele que apesar das dificuldades, (pequena estatura), não hesita em subir à árvore para ver Jesus.
A procura tem que ser contínua, porque o encontro é sempre novo!
Um abraço amigo em Cristo
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