O que leva o romeiro a caminhar...

 

O que leva um Romeiro, todos os anos a calcorrear os caminhos da nossa Ilha, sabendo que irão ser duros de percorrer?

Porque se expõe o Romeiro todos os anos à dureza dos elementos como a chuva, granizo, trovoada, vento, frio sol inclemente, horas mal dormidas e outras incomodidades, candidatando-se a contrair um resfriado, constipação ou pneumonia?

O que leva o Romeiro madrugar todas as manhas pelas 03h00 para partir às 04h00 rezando e cantando como se fosse participar na festa mais apetecível da sua vida?

 Estas e, outras interrogações colocava todos os anos bem como imagino porão as pessoas que todos os anos nos vêm passar.

É simples a resposta.

 Sempre que a Igreja cita Actos 3, 42 “Eram assíduos, ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações” ou Actos 4, 32 “…Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas, entre eles tudo era comum.”

Antes de participar nas romarias e sempre que escutava estas citações da Igreja nascente, sentia como que uma invejazinha, uma enorme vontade de sentir o que os primeiros católicos viviam e sentiam como nos relatam as sagradas escrituras.

 Saímos todos estes anos para sentirmos intensamente os mesmos sentimentos que os nossos antepassados sentiam, pois na assiduidade do ensino dos Apóstolos, a união fraterna que vivemos intensamente e a fracção do pão diária (eucaristia) e à intensa oração sentimos Deus de maneira diferente, como ele quer que o amemos.

A cevadeira é a única riqueza ou bem que possuímos. Na saca, transportamos o essencial que julgamos vir a necessitar mas sempre há algo que nos falta e aí entra a fraternidade do irmão que tem sempre o que não possuímos nem que seja uma palavra amiga numa altura de maior aperto ou comoção.

 

João Dinis