Por diversas vezes tentei redigir mais algumas palavras do que as que escrevi no anterior artigo sobre esta fabulosa imagem e o que ela me transmite cada vez que a vejo. Costumo dizer, sentidamente, que tudo tem o seu tempo e a sua altura própria, de acordo com os desígnios insondáveis de Deus. Neste momento, sinto que foi preciso passar algum tempo, não só de amadurecimento interior, como também de visualização exterior da referida imagem, para nesta altura redigir mais algumas considerações sobre o que vejo com os olhos e sinto com a alma cada vez que a vejo e, confesso, não são poucas as vezes que com ela converso, desabafo e agradeço.
Olho para ela e apercebo-me de que, apesar da permanente interceção por nós em oração, mesmo sem estar de mãos postas, o seu olhar não está virado para o Altíssimo, mas sim para nós, com aquele olhar que só uma mãe tem para com os seus filhos.
Também reparo que, para além da Sua e nossa mãe Maria Santíssima ter sempre a sua mão para nos ajudar a erguer das inúmeras quedas que damos e o eterno abraço gratuito de amor e perdão d`Ele, a mesma também nos encaminha para o Seu fim doloroso, mas simultaneamente glorioso com a Sua ressurreição ao terceiro dia. Aquele abraço de Deus menino transporta-me para o Gólgota. Cristo de braços abertos e pregado na cruz e aquela mão terna de mãe estendida para nos ajudar nas quedas. Sou levado a pensar no evangelho de São João, quando este cita que “Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho! Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.” *
Meditando um pouco nesta pequena passagem, dou-me conta de duas situações. A primeira, na qual o evangelista não cita o nome de Maria para a designar. No meu modesto entender, parece-me que prefere chama-la pelo maior título que lhe pode ser dado, Mãe de Jesus e a segunda, na qual o discípulo não tendo nome, significará que todos nós somos seus filhos e ela nossa mãe.
Neste pormenor, aquela dualidade de abraço/pregado na cruz Ele repete-nos incessantemente “Eis a tua mãe!”
E neste outro pormenor, sinto profundamente que Ele ainda não lhe tinha dito “Mulher, eis o teu filho!”, já a sua mão estava estendida para nós, tal é a sua inequívoca entrega ao Senhor, desde que Lhe disse “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.”**
A tranquilidade, a serenidade e o descanso, qual porto seguro, são alguns dos adjetivos que esta mera imagem me transmite, cada vez que a sinto no amago da minha alma quase permanentemente impura.
Paulo Roldão
(um irmão romeiro, como os demais)
*São Lucas 1,38
**Jo 19,26-27
1 comentário:
Realmente Maria é sempre o porto seguro no qual podemos confiar.
Um abraço amigo em Cristo
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