segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A rotina




"Se perguntarmos à maioria dos cristãos católicos, o que pensam sobre os Sacramentos ou como os definem, o que dirão?
Que se trata de algo QUE… QUE o quê? E porventura responderiam como o saudoso Raul Solnado QUE, QUE ou seja nada ou quase nada.
Foram por Jesus Cristo instituídos sete sacramentos a saber:
· O Baptismo
· A Confirmação (crisma)
· A Eucaristia
· A Reconciliação
· A Unção dos enfermos
· A Ordem e,
· O Matrimónio
Mas o mais importante de todos é a Eucaristia porque todos os sacramentos estão ordenados para ela como para o seu fim segundo São Tomás de Aquino, porque se renova o mistério pascal de Cristo, actualizando e renovando assim a salvação da humanidade.
No meu simples entendimento aqui é que está o busílis dos nossos problemas, se não vivermos este sacramento com plena consciência e responsabilidade a renovação e assim a salvação da humanidade estarão adiadas, até que nos decidamos a adoptar a postura adequada, pedida incessantemente por Jesus Cristo.
Só mesmo Jesus Cristo a instituir este sacramento… é na realidade, a “coisa” mais bela, mais envolvente, mais transformante que algum dia se pudesse imaginar. E quantos de nós tem disso, consciência? Poucos… por isso talvez a renovação e a salvação da humanidade encontrem um espaço tão exíguo nas nossas vidas levando as pessoas muitas vezes a questionarem-se:
De onde vim e para onde vou?
O que faço eu aqui?
Para que nasci?
A resposta é simples meditem no sacramento da eucaristia, vivenciam-no e entenderão tudo.
Quando o sacerdote no inicio da eucarística na missa, apresenta os dons, diz estas palavras: “Bendito sejais Senhor, Deus do Universo, pelo pão que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem que hoje vos apresentamos e que para nós se vai tornar o Pão da vida” ou “ Bendita sejais Senhor, Deus do Universo, pelo fruto da videira que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem que hoje vos apresentamos e que para vós se vai tornar Vinho da salvação”.
O Senhor Jesus Cristo omnipotente, criador do céu e da terra quer que participemos neste grande momento da vida da Igreja, e como?
Colocando sobre o altar o pão e o vinho ambos frutos da terra e do trabalho do homem. Porque o homem semeou, aguardou que nascesse, retirou as ervas daninhas, colheu e esmagou o grão o os bagos das uvas para que se tornassem pão e vinho.
O despontar dos frutos da terra, até chegarem ao altar do Senhor, passaram por várias etapas e dificuldades como com cada um de nós.
Desde o nascimento até ao momento presente de cada um tem um historial de dificuldades como o Senhor, ao cúmulo de se entregar por nós naquela morte horrenda.
E o Sacramento da Eucaristia é a união do sofrimento de Jesus Cristo junto com as nossas dores, sofrimentos, desapontamentos, frustrações e outras dificuldades que à semelhança do grão de trigo que tem de ser moído ou a baga da uva que tem de ser esmagada no lagar para dar fruto, colocamos sobre o altar junto com o sacrifício pascal sempre renovado de Jesus Cristo. O Senhor quer que participemos juntos com Ele neste gesto de profundo alcance e significado, enquanto não entendermos isto nada em nós se transforma.
E a tristeza que tantas vezes me dá quando vejo muitos fiéis homens e mulheres de boa vontade mas que se dirigem ao altar da Eucaristia tão displicentemente, tão desportivamente, recebendo o Senhor com as mãos não limpas…
Enfim sem nenhuma noção de que estão a participar no momento mais importante das suas vidas. Ora, se não há essa consciência do que estamos a fazer como podemos actualizar e renovar a salvação da humanidade?
Porque depois de comungarmos o Corpo e o Sangue do Senhor, somos no dizer do Apóstolo Paulo “Templos do Espírito Santo” porque o levamos connosco, para transformarmos o mundo, a principiar, pelo nosso próximo que poderá ser o esposo ou a esposa, os filhos etc.
Quantos têm consciência disso?
Quantos levam a vida suplicando por isto e por aquilo, quando semanal ou diariamente o podemos levar connosco sem nos apercebermos que Ele connosco, somos UM, somos portanto mais fortes, mais tolerantes mais amigos uns dos outros ou seja semelhantes a Jesus Cristo em que o amor pelo outro é o que de mais importante existe na terra.
Os sacerdotes podiam auxiliar a consciencializar as pessoas para a importância do Sacramento da Eucaristia mas, a maioria salvaguardando algumas excepções não o faz porque se multiplicam em actividades menos importantes, desgastam-se porque não são de ferro, enfim a maioria das vezes fazem-no apressada ou rotineiramente…
É uma pena, e a possibilidade de actualizar, renovar a salvação da humanidade vão ficando adiadas."

Irmão João Dinis

1 comentário:

Paulo disse...

E são em "demasia" as vezes que entro na "rotina", quando esta é tudo menos isso.