segunda-feira, 1 de março de 2021

13. Segunda-feira depois do II domingo da Quaresma: Se foi conveniente que Cristo sofresse da parte dos gentios


 Segunda-feira da II Semana da Quaresma

«Entregá-lo-ão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado» (Mt

20, 19)


1. No modo mesmo da paixão de Cristo lhe estava prefigurado o efeito.

Assim, o primeiro efeito da morte de Cristo aproveitou aos judeus,

muitos dos quais foram batizados na ocasião dessa morte, como se lê na

Escritura. Depois, mediante a pregação dos judeus, o efeito da paixão de

Cristo o sentiram os gentios. Por onde, foi conveniente que Cristo

começasse a sofrer da parte dos judeus e em seguida, entregue por estes, a

sua Paixão se consumasse pelas mãos dos gentios.

2. Cristo, para mostrar a abundância da sua caridade, que o levou a

sofrer, pediu do alto da cruz perdão pelos seus perseguidores. Por isso, a

fim de os frutos dessa petição chegarem aos judeus e aos gentios, quis Cristo

sofrer da parte de uns, como de outros.

3. Os sacrifícios figurados da lei antiga não os ofereciam os gentios, mas

os judeus. Ora, a Paixão de Cristo foi a oblação de um sacrifício, pois

Cristo sofreu a morte movido da caridade, por vontade própria. Mas o

sofrimento que lhe infligiram os perseguidores não foi sacrifício, mas

pecado gravíssimo.

4. Como pondera Agostinho, quando os judeus disseram «A nós não nos é

permitido matar ninguém», entendiam significar que não lhes era lícito

matar ninguém por causa da santidade do dia festivo, que já começavam a

celebrar. Ou isso diziam, como ensina Crisóstomo, porque queriam matar a

Jesus não como transgressor da lei, mas como inimigo público, por se ter

feito rei — do que não lhes competia julgar. Ou porque não lhes era lícito

crucificá-lo, como desejavam, mas sim lapidar — o que fizeram com

Estevão. Ou, melhor é dizer, que pelos Romanos, a quem estavam sujeitos,

era-lhes negado o poder de matar.

III, q. XLVII, a. IV


(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

Sem comentários: