sexta-feira, 26 de março de 2021

38. Sexta-feira depois do I domingo da Paixão: A compaixão de Nossa Senhora


 sexta-feira da I semana da Paixão


"E uma espada trespassará a tua alma" (Lc 2, 35)

Estas palavras assinalam a grande compaixão de Nossa Senhora pelo Cristo.

Quatro coisas tornaram a Paixão de Cristo sobretudo amargas à mãe de

Cristo:

1. A bondade de seu Filho: "ele não cometeu pecado, nem se encontrou

engano na sua boca" (1 Pd 2, 22);

2. A crueldade dos verdugos, que se evidencia ao terem se recusado a darlhe

água na sua agonia e impedido que lho desse sua mãe, que

diligentemente daria.

3. A ignomínia do suplício. "Condenemo-lo a uma morte infame", diz o

livro da Sabedoria (2, 20).

4. A atrocidade dos tormentos: "Ó vós todos que passais pelo caminho,

atendei e vede se há dor semelhante à dor que me atormenta"(Lm 1, 12).

Serm.

Quanto às palavras do velho Simeão: "uma espada trespassará a tua alma",

Orígines e outros doutores as aplicam à dor sofrida por Cristo na Paixão.

Quanto a Ambrósio, pela espada entende significar a prudência de Maria,

não ignorante do mistério celeste. Pois, vivo é o verbo de Deus, válido e mais

agudo que toda espada de dois gumes.

Outros, porém, entendem por isso a espada da dúvida, não devendo, porém,

entender-se por esta uma dúvida culpável contra a fé, mas a da admiração e

da discussão. Assim diz Basílio: a Santa Virgem, aos pés da cruz e

presenciando tudo o que se passou, depois mesmo do testemunho de Gabriel,

depois do inefável conhecimento da divina concepção, depois da ingente

realização dos milagres, flutuava na sua alma, vendo, de um lado, as

humilhações que sofria seu Filho e, de outro, as maravilhas que realizava.

IIIa q. XXVII, a. IV, 2um

Mesmo sabendo pela fé que Deus queria que Cristo sofresse, e ainda que

conformasse sua vontade à vontade divina quanto à coisa desejada, como

fazem os perfeitos, a Virgem Maria se entristecia pela morte de Cristo,

enquanto sua vontade inferior repugnava esta coisa particularmente

desejada; e isto não é contrário à perfeição.


1 Dist. 48, q. única, a. III

(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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