sábado, 27 de março de 2021

39. Sábado depois do I domingo da Paixão: De que modo devemos lavar os pés uns dos outros?


 sábado da I semana da Paixão


"Se eu, pois, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés

uns aos outros" (Jo 13, 14)


Nosso Senhor quer que seu exemplo seja imitado pelos discípulos. Ele diz:

"Se eu", que sou maior que vós, pois sou Senhor e Mestre, "vos lavei os pés,

também vós", por muito maior razão, pois sois discípulos e servos, "deveis

lavar os pés uns aos outros". Noutra parte, lemos (Mt 20, 26): "todo o que

quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo... assim como o Filho do homem

não veio para ser servido, mas para servir".

Segundo Agostinho, todo homem deve lavar os pés aos outros já

corporalmente, já espiritualmente. É muito melhor e sem dúvida mais

verdadeiro lavar os pés realmente; que os cristãos não desdenhem fazer o

que o próprio Cristo fez: quando o corpo se inclina para os pés de um irmão,

o sentimento de benevolência se ascende em seu coração. E se já se possuía

este sentimento, ele é confirmado. Porém, se não lavamos realmente os pés

uns aos outros, façamo-lo ao menos no coração. Ora, pelo lava-pés devemos

entender a limpeza das faltas. Assim, portanto, lavemos espiritualmente os

pés de nossos irmãos e, de todo coração, lavemos suas manchas.

Ora, isto se faz de três modos:

1. Perdoando suas ofensas, segundo aquilo do Apóstolo (Cl 3, 13): "se

algum tem razão de queixa contra o outros: assim como o Senhor vos perdoou

a vós, assim também vós deveis perdoar aos outros."

2. Rezando pelos seus pecados: "orai uns pelos outros, para serdes salvos"

(Tg 5, 16).

3. O terceiro modo diz respeito aos prelados, que devem lavar os pés

perdoando os pecados com a autoridade das chaves, conforme o Evangelho

(Jo 20, 22): "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados,

ser-lhes-ão perdoados."

Podemos ainda dizer que, pelo lava-pés, o Senhor nos mostra todas as

obras de misericórdia. Pois, quem dá o pão a quem tem fome, lava-lhe os

pés; do mesmo modo, quem acolhe os viajantes, veste os nus e assim por

diante, "tomando parte nas necessidades dos santos" (Rm 12, 13).


In Joan., XIII..

(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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