quarta-feira, 17 de março de 2021

29. Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma: O amigo divino


 Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma

«Mandaram, pois, suas irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que está enfermo

aquele que tu amas» (Jo 11, 3 )


Aqui há três coisas que se deve considerar:

a) A primeira é que os amigos de Deus por vezes padecem no

corpo. Assim, não é sinal de falta de amizade com Deus o padecermos no

corpo. Elifaz errava ao dizer a Jó, Lembra-te: que inocente pereceu jamais? ou

quando foram os justos destruídos? (Jó 4, 7), como provam as irmãs de

Lázaro: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. Lemos no livros dos

Provérbios (3, 12): O Senhor castiga aquele a quem ama, como um pai a seu

filho querido.

b) A segunda é que elas não dizem: Senhor, vinde, curai-o, mas apenas

expõem o seu estado: eis que está enfermo. O que significa que basta

exprimir a um amigo as nossas necessidades, sem acrescenta pedido algum;

pois um amigo, assim como procura seu próprio bem e combate seus males

pessoais, combaterá os males de seu amigo. E isto é sobretudo verdadeiro de

quem verdadeiramente ama. Diz o salmo (144, 20): O Senhor guarda todos os

que o amam.

c) A terceira é que as duas irmãs, desejando a cura de seu irmão doente,

não vêm pessoalmente ao Cristo, como o fizeram o paralítico e o

centurião; e isso por causa de sua confiança em Jesus Cristo, em virtude

do amor especial e da familiaridade que lhes testemunhará. E talvez

estivessem detidas pela dor, como disse são João Cristóstomo, em

conformidade com aquilo do Eclesiástico (6, 11): Se o teu amigo perseverar

firme, será para ti como um igual, tratará à vontade com os da tua casa.


In Joan, XI

(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

Sem comentários: