terça-feira, 16 de março de 2021

28. Terça-feira depois do IV domingo da Quaresma: O exemplo de Cristo crucificado


 terça-feira depois do IV domingo da Quaresma


Nosso Senhor assumiu a natureza humana para reparar a queda do

homem. Por isso, foi necessário que Cristo padecesse e vivesse conforme

a natureza humana, como remédio à queda do pecado.

Ora, o pecado do homem consistiu em ter o homem se apegado aos bens

corporais e se desinteressado dos espirituais. Convinha, pois, ao Filho de

Deus, por tudo que fez e sofreu na natureza humana que assumira, mostrarse

de modo tal, que fizesse os homens terem por nada os bens e os reveses

do século, abandonarem o apego desordenado e se devotarem aos bens

espirituais.

Foi por isso que Cristo quis nascer de pais pobres, mas perfeitos em

virtude, para nos ensinar a não nos gloriarmos da nobreza da carne, ou

da riqueza dos pais.

Ele viveu uma vida pobre, para ensinar o desprezo das riquezas.

Viveu sem honrarias, para arrancar os homens da cobiça desordenada

delas.

Suportou os trabalhos, a sede, a fome, os tormentos corporais, para que os

homens, desejosos de prazeres e delícias, não se deixassem desviar do bem

da virtude pelas misérias desta vida.

Por fim, era conveniente que o Filho de Deus humanado morresse, a fim

de que, por temor da morte, não abandonássemos a via da virtude. E,

para que não temêssemos a morte ignominiosa, escolheu a pior das mortes,

a morte na Cruz.

Também foi conveniente que o Filho de Deus humanado sofresse a

morte, a fim de que, por seu exemplo, fossemos estimulados à virtude, e

para que fossem verdadeiras as palavras de são Pedro: Cristo também sofreu

por nós, deixando-vos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. (1 Pd 2, 21)

Contra Armen. Sarac., VII

Mas, Cristo também sofreu por nós, deixando-vos o exemplo da tribulação,

dos ultrajes, da flagelação, da cruz, da morte, para que marchássemos sobre

suas pegadas. Se suportarmos por Cristo tribulações e sofrimentos, também

reinaremos com ele na eterna beatitude. Diz são Bernardo: "Como são

poucos, ó Senhor, os que vos querem seguir, apesar de todos quererem estar

convosco e saberem que as beatitudes estarão ao vosso lado até o fim. Ora,

todos querem fruir de vós, mas não vos querem imitar; querem reinar, mas

não padecer convosco; não vos procuram, mas vos querem encontrar;

desejam conseguir, mas não seguir".


De humanitate Christi, cap. 47

(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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