terça-feira, 23 de março de 2021

35. Terça-feira depois do I domingo da Paixão: O Sepulcro de Cristo


 terça-feira da I semana da Paixão


«Porque molestais esta mulher? Ela fez-me verdadeiramente uma boa obra...

derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo como para me sepultar»

(Mt 26, 10-12)


Era conveniente que Cristo fosse sepultado.

1. Primeiro, para comprovar a verdade da sua morte; pois, ninguém é

posto num sepulcro senão quando consta que está verdadeiramente morto.

Por isso no Evangelho (Mc 15, 44-45), se lê que Pilatos, antes de permitir

que Cristo fosse sepultado, procurou saber por uma inquisição diligente, se

estava morto.

2. Segundo, porque tendo ressurgido do sepulcro, deu a esperança de

ressurgir, por meio dele, aos que estão sepultos, segundo aquilo do

Evangelho (Jo 5, 28): "Todos os que se acham nos sepulcros ouvirão a voz do

Filho de Deus".

3. Terceiro, para exemplo dos que, pela morte de Cristo, morreram

espiritualmente aos pecados, conforme aquilo da Escritura (Sl 30,

21): "Estão escondidos contra a turbação dos homens". Por isso diz o Apóstolo

(Cl 3, 3): "Já estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em

Deus". E assim também os batizados, que pela morte de Cristo morreram

aos pecados, são como consepultos com Cristo, pela imersão, segundo o

Apóstolo (Rm 6, 4): "Nós fomos sepultados com Cristo para morrer pelo

batismo".

*

Assim como a morte de Cristo obrou eficientemente a nossa salvação,

também a sua sepultura. Por isso diz Jerônimo: Ressurgimos pela sepultura

de Cristo. E aquilo da Escritura (Is 53, 9): "E dará os ímpios pela sepultura",

diz a Glosa: i. é, as gentes, que não tinham a piedade, da-los-á a Deus Padre,

porque os ganhou pela sua morte.

*

De Cristo diz a Escritura (Sl 87, 6): "Chegou a ser homem como sem socorro,

livre entre os mortos". Ora, Nosso Senhor mostrou que mesmo sepulto entre

os mortos era livre, pelo fato da inclusão do sepulcro não ter podido impedilo

de sair dele pela ressurreição.


IIIa q. LI a. 1

(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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