sexta-feira, 5 de março de 2021

17. Sexta-feira depois do II domingo da Quaresma: O Santo Sudário


 Sexta-feira da II Semana da Quaresma

«José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol branco. E depositou-o no seu

sepulcro novo» (Mt 27, 59)


I. — Por este sudário designam-se três coisas, em sentido místico:

1. A carne puríssima de Cristo. Feito de linho, que se embranquece com

muita pressão, o sudário representa a carne de Cristo, que chega ao alvor da

ressurreição pela violência. Conforme o Evangelho: «Cristo devia sofrer e

ressuscitar dos mortos» (At 17, 3).

2. A Igreja, que não tenha mancha nem ruga. É o que representa este linho,

fiado com diversas linhas.

3. A consciência pura, onde Cristo repousa.

II. — «E depositou-o no seu sepulcro novo» (Mt 27, 59). O texto diz, de

início, que o sepulcro não era seu. E é muito conveniente que aquele que

morrera pelos pecados dos outros fosse sepultado em um sepulcro alheio.

O texto diz que o sepulcro era «novo», pois se outros corpos tivessem sido

depositados aí, não se saberia qual tinha ressuscitado. Outra razão é que,

àquele que nasceu de uma virgem intacta, convinha ser sepultado num

sepulcro novo; assim como no ventre de Maria não houve ninguém antes ou

depois dele, assim também neste sepulcro. Do mesmo modo, para

significar ainda que Cristo habita pela fé, escondido na alma

renovada: «que Cristo habite pela fé nos vossos corações» (Ef 3, 17)

E S. João acrescenta, «Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um

jardim, e no jardim um sepulcro novo.» (Jo 19, 41). É digno de nota que

Jesus, capturado num jardim, tenha sofrido sua Paixão e sido sepultado

num jardim; como que para significar que, pela virtude da sua Paixão,

somos libertados do pecado que Adão, no jardim das delícias, cometeu; e

que é por Jesus que a Igreja é consagrada, ela, que é como o Jardim

fechado, do Cântico.

In Matth., XXVII.

(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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