"A caminhada “Peregrinos do Infinito” reúne a partir de quarta-feira meia centena de Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição (Angra do Heroísmo) numa jornada de cerca de 200 quilómetros pelas estradas da ilha Terceira.
“A romaria é encarada com esperança e testemunho público do sentido penitencial da fé nesta época de Quaresma para a Páscoa da Ressurreição”, disse hoje à Lusa o reitor do seminário, padre Francisco Dolores.
Os cerca de meia centena de romeiros, com idades entre os 8 e os 65 anos, são oriundos das ilhas Terceira, São Miguel (4) e Graciosa (4) e vão percorrer as estradas da ilha ao longo de duas centenas de quilómetros de orações e penitências.
A romaria inicia-se com uma missa às 4 da manhã de quarta-feira no Santuário seguida da partida, uma hora depois em direcção à primeira freguesia, Santa Bárbara, onde, ao cair do dia vão pernoitar.
Ao longo do percurso, feito em duas alas pelas estradas, os romeiros rezam pais-nossos e ave-marias por si e por todos quantos os abordam a solicitar orações.
De acordo com a tradição, o público pode abordar os romeiros perguntando: - Quantos irmãos são? Recebe por resposta: - Somos cinquenta e mais três que são Jesus, Maria e José.
Este diálogo é feito entre o público e o “procurador das almas” o elemento que vai no fim da romaria para receber os pedidos.
Quem pede, explica Francisco Dolores, também fica obrigado a rezar tantas ave-marias de acordo com o número de romeiros.
No ano de 2007 os romeiros foram solicitados para 140 pedidos de intenções, número esse que se elevou para 200 no ano passado.
O grupo, onde se integra o mestre, é encabeçado pelo romeiro mais novo que transporta a cruz e pelo contra-mestre, rezando todos alternadamente, pais-nossos e ave-marias com terço que seguram nas mãos que complementa um outro que trazem ao peito.
O vestuário dos Romeiros está de acordo com a simbologia do tempo quaresmal e representa diversas facetas do calvário e Paixão de Cristo.
A saca que levam às costas, onde transportam roupa, simboliza a cruz de Cristo, enquanto o xaile representa o manto vermelho que os romanos colocaram em Jesus Cristo quando foi julgado.
O lenço, que por vezes serve para tapar a cabeça, representa a coroa de espinhos e o bordão simboliza a vara de cana que deram a Jesus Cristo quando lhe disseram que era o Rei dos Judeus.
Ao longo dos cinco dias de caminhada, sempre no sentido dos ponteiros do relógio, e orações os Romeiros vão pernoitar e alimentar-se nas freguesias de Santa Bárbara, dormindo na Casa dos Romeiros.
Depois na freguesia da Agualva pernoitam no Centro Social enquanto nas freguesias do Porto Martins e, depois, São Sebastião, dormem em casas de particulares que os acolhem.
A marcha dos Romeiros termina no dia 29, domingo, junto à Ermida de Santo António, no Monte Brasil em Angra do Heroísmo num “jantar com as famílias”.
O último acto é uma missa no Santuário de Nossa Senhora da Conceição.
Segundo o padre Francisco Dolores estas romarias, ainda que mais pequenas nas distâncias percorridas, foram tradicionais na ilha Terceira ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Durante o século XX, “não tenho registo da realização de qualquer romaria”, assevera.
As romarias na ilha foram retomadas no ano de 2007 com 26 pessoas e continuada no ano passado com 39."
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